13 de julho de 2014

Daniel 12 — Aproxima-se o Momento Culminante da


Versículo 1: Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro.{APLCDA 301.1}
Neste versículo se apresenta certo tempo, não um ano, um mês ou dia determinado, mas um tempo definido por certo acontecimento com o qual se relaciona. “Nesse tempo”. Que tempo? O tempo a que somos levados pelo versículo final do capítulo anterior, o tempo em que o rei do norte armará as tendas palacianas no monte santo e glorioso. Quando isto ocorrer, virá seu fim. E então, segundo este versículo, havemos de esperar que Se levante Miguel, o grande Príncipe.{APLCDA 301.2}
Miguel Se levanta — Quem é Miguel, e que significa o ato de levantar-Se? Miguel é chamado o “Arcanjo” em Judas 9. Isso significa o chefe ou cabeça dos anjos. Há só um. Quem é? É Aquele cuja voz se ouve do céu quando ressuscita os mortos. (1 Tessalonicenses 4:16). A voz de Quem, se ouve, em relação com que acontecimento? A voz de nosso Senhor Jesus Cristo. (João 5:28). Quando buscamos a verdade baseados neste fato, chegamos à seguinte conclusão: A voz do Filho de Deus é a voz do Arcanjo; portanto, o Arcanjo deve ser o Filho de Deus. Mas o Arcanjo se chama Miguel; logo, Miguel deve ser o nome dado ao Filho de Deus. A expressão do versículo 1: “Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo”, basta para identificar como o salvador dos homens o personagem aqui mencionado. É o “Autor da vida” (Atos 3:15), e “Príncipe e Salvador” (Atos 5:31). Ele é o grande Príncipe.{APLCDA 301.3}
“O defensor dos filhos do teu povo” — Condescende em tomar os servos de Deus em seu pobre estado mortal e remi-los para serem súditos de Seu reino futuro. Levanta-Se a favor de nós, os que cremos. Seus filhos são essenciais aos Seus propósitos futuros e parte inseparável da herança comprada. Hão de ser os principais agentes daquela alegria que Cristo previu, e que o levou a suportar todos os sacrifícios e sofrimentos que assinalaram Sua intervenção em favor da raça caída. Assombrosa honra! Tributemos-Lhe eterna gratidão por Sua condescendência e misericórdia para conosco! Sejam dEle o reino, o poder e a glória para todo o sempre!{APLCDA 302.1}
Chegamos agora à segunda pergunta: Que significa o ato de Miguel levantar-Se? A chave para interpretar esta expressão nos é fornecida nestas passagens: “Eis que ainda três reis se levantarão na Pérsia”, “Depois, se levantará um rei poderoso, que reinará com grande domínio.” (Daniel 11:2, 3) Não pode haver dúvida quanto ao significado da expressão nestes casos. Significa assumir o reino, reinar. No versículo que consideramos, esta expressão deve significar o mesmo. Naquele tempo Se levantará Miguel, tomará o reino e começará a reinar.{APLCDA 302.2}
Mas não está Cristo reinando agora? Sim, associado com Seu Pai no trono do domínio universal. (Efésios 1:20-22; Apocalipse 3:21). Mas Ele renuncia a esse trono, ou reino ao voltar (1 Coríntios 15:24). Então começa Seu reinado, apresentado no texto, quando Se levanta, ou assume Seu próprio reino, o trono de há muito prometido a Seu pai Davi, e estabelece um domínio que não terá fim. (Lucas 1: 32, 33).{APLCDA 302.3}
Os reinos deste mundo passam a ser “de nosso Senhor e do Seu Cristo”. Ele deixa de lado Suas vestes sacerdotais e veste o manto real. Terá terminado a obra de misericórdia e o tempo de graça concedido à família humana. Então o que estiver sujo não mais terá esperança de ser purificado; o que estiver santo não mais terá perigo de cair. Todos os casos estarão decididos para sempre. Daí em diante, até que Cristo venha nas nuvens do céu,as nações serão quebrantadas como com vara de ferro e despedaçadas como vaso de oleiro por um tempo de tribulação que nunca houve. Uma série de castigos divinos cairá sobre os homens que rejeitaram a Deus, então aparecerá no céu o Senhor Jesus Cristo “em chamas de fogo, para tomar vingança dos que não conhecem a Deus e não obedecem ao evangelho.” (2 Tessalonicenses 1:8; ver Apocalipse 11:15; 22:11, 12). {APLCDA 302.4}
Portentosos são os acontecimentos introduzidos pelo ato de Miguel ao levantar-Se. Ele Se levanta, ou assume o reino, assinalando a certo tempo antes de voltar pessoalmente a esta Terra. Quão importante é, pois, que saibamos que posição Ele ocupa, a fim de poder seguir o processo de Sua obra e reconhecer quando se aproxima esse momento emocionante, em que acabará Sua intercessão em favor da humanidade e o destino de todos se fixará para sempre!{APLCDA 303.1}
Como podemos sabê-lo? Como havemos de determinar o que ocorre no santuário celestial? A bondade de Deus é tão grande que nos pôs às mãos o meio de saber isso. Ele nos disse que quando certos grandes acontecimentos ocorrem na Terra, decisões importantes estarão sendo feitas no Céu que sincronizam com eles. Mediante as coisas que se veem somos instruídos acerca das coisas que não se veem. Assim como “através da natureza chegamos ver o Deus da natureza”, mediante fenômenos e acontecimentos terrestres seguimos os grandes movimentos que se realizam no reino celestial. Quando o rei do norte plantar as tendas do seu palácio entre os mares no monte glorioso e santo, então Miguel Se levantará ou receberá de Seu Pai o reino como preparativo para voltar a esta Terra. Ou poderia expressar-se o assunto nestas palavras: Então nosso Senhor cessa Sua obra como nosso grande Sumo Sacerdote e termina o tempo de graça concedido ao mundo. A grande profecia dos 2.300 dias com exatidão nos indica o início da etapa final da obra que Cristo há de realizar no santuário celestial. O versículo que consideramos nos dá indicações pelas quais podemos descobrir aproximadamente o tempo em que terminará.{APLCDA 303.2}
O tempo de angústia — Em relação com o momento em que Se levantará Miguel, ocorre um tempo de angústia qual nunca houve. Em Mateus 14:21 lemos acerca de um período de tribulação qual nunca houve nem haverá depois. Esta tribulação, que se cumpriu na opressão e perseguição da igreja pelo poder papal, já se acha no passado, ao passo que o tempo de angústia de Daniel 12:1 ainda está no futuro, segundo a opinião que expressamos.{APLCDA 303.3}
Como pode haver dois tempos de tribulação, separados por muitos anos, sendo ambos maiores do que qualquer que tenha existido antes ou haja de existir depois? Para evitar qualquer dificuldade aqui, notemos cuidadosamente esta distinção: A tribulação mencionada em Mateus é tribulação sobre a igreja. Cristo está falando ali a Seus discípulos e deles em um tempo futuro. Eles iam ser os afetados e por sua causa seriam abreviados os dias de tribulação. (Mateus 24:22). O tempo de angústia mencionado em Daniel não é um tempo de perseguição religiosa, mas de calamidade internacional. Nunca houve coisa semelhante desde que houve nação; não diz igreja. É a última tribulação que sobrevirá ao mundo em sua condição atual. Em Mateus se faz referência a um tempo que transcorrerá depois daquela tribulação, porque uma vez que ela tenha passado, o povo de Deus não voltará a passar por outro período de sofrimento semelhante. Mas aqui em Daniel não há referência a nenhum tempo futuro depois da angústia mencionada, porque esta encerra a história deste mundo. Inclui as sete últimas pragas de Apocalipse 16 e culmina no aparecimento do Senhor Jesus, vindo em nuvens de fogo, para destruir os Seus inimigos. Mas desta tribulação será livrado todo aquele cujo nome se achar escrito no livro da vida, “porque no monte Sião [...] estarão os que forem salvos assim como o Senhor prometeu, e entre os sobreviventes aqueles que o Senhor chamar.” Joel 2:32.{APLCDA 305.1}
Versículo 2: Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno.{APLCDA 305.2}
Este versículo revela a importância do ato de Miguel levantar-Se, ou o começo do reino de Cristo, referido no primeiro versículo deste capítulo, pois nesse tempo haverá uma ressurreição dos mortos. É esta a ressurreição geral que ocorre na segunda vinda de Cristo? Ou há de ocorrer entre o momento em que Cristo recebe Seu reino e Sua manifestação à Terra com toda a glória do Seu advento (Lucas 21:27), uma ressurreição especial que corresponda à descrição aqui feita? {APLCDA 305.3}
Porque não seria a primeira, ou seja, a ressurreição que ocorre ao se ouvir a última trombeta? Porque somente os justos, com exclusão de todos os ímpios, terão parte nessa ressurreição. Então os que dormem em Jesus sairão, mas os outros mortos não reviverão durante mil anos (Apocalipse 20:5). Portanto, a ressurreição geral de toda a espécie humana fica dividida em dois grandes acontecimentos. Primeiro ressuscitam exclusivamente os justos quando Jesus vier; e em segundo lugar ressuscitam exclusivamente os ímpios, mil anos mais tarde. A ressurreição geral não é uma ressurreição mista, dos justos e dos ímpios ao mesmo tempo. Cada uma destas duas classes ressuscita em separado e o tempo que transcorre entre suas respectivas ressurreições é de mil anos, segundo está claramente indicado.{APLCDA 306.1}
Mas na ressurreição apresentada no versículo que estudamos, muitos, tanto dos justos como dos ímpios, ressuscitam juntamente. Não pode, portanto, ser a primeira ressurreição que inclui somente os justos, nem a segunda, que se limita distintamente aos ímpios. Se o texto dissesse: Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão para a vida eterna, então a palavra “muitos” poderia interpretar-se como incluindo a todos os justos e esta ressurreição seria a dos justos, na segunda vinda de Cristo. Mas o fato de que alguns dos muitos são ímpios e ressuscitam para vergonha e desprezo eterno, impede tal explicação.{APLCDA 306.2}
Ocorre, pois, uma ressurreição especial ou limitada? Indica-se, em alguma outra parte, que haja de ocorrer tal acontecimento antes que o Senhor venha? A ressurreição aqui predita ocorre quando o povo de Deus é liberto do grande tempo de angústia com que termina a história deste mundo; e de Apocalipse 22:11 pareceria depreender-se que esta libertação ocorre antes do aparecimento do Senhor. Chega o momento terrível em que o sujo e injusto é declarado injusto ainda, e o santo ainda o que é justo e santo. Quando for pronunciada esta sentença sobre os justos deve ser o seu livramento, porque então estão fora do alcance do perigo e do temor do mal. Mas, naquele momento, o Senhor ainda não veio, porque imediatamente acrescenta: “Eis que venho sem demora.” {APLCDA 306.3}
Quando se pronuncia esta declaração solene, ela sela o destino dos justos para a vida eterna e o dos ímpios para a morte eterna. Sai uma voz vinda do trono de Deus, dizendo: “Está feito.” (Apocalipse 16:17). Esta é, evidentemente, a voz de Deus, tão frequentemente aludida nas descrições das cenas relacionadas com o último dia. Joel fala disso, dizendo: “O Senhor brama de Sião, e Se fará ouvir de Jerusalém, e os céus e a terra tremerão; mas o Senhor será o refúgio do Seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel.” Joel 3:16. Uma nota marginal de certas versões da Bíblia diz: “lugar de refúgio, ou porto”. Então, quando se ouve a voz de Deus que fala do céu, precisamente antes da vinda do Filho do homem, Deus é um refúgio para Seu povo, ou, o que é o mesmo, lhes provê livramento. A última cena estupenda está por manifestar-se a um mundo condenado, Deus dá às nações assombradas outra prova e garantia do Seu poder e ressuscita dentre os mortos uma multidão de seres que durante longo tempo dormiam no pó da terra.{APLCDA 307.1}
Assim vemos que há oportunidade e lugar para a ressurreição de Daniel 12:2. Um versículo do livro de Apocalipse claramente indica que há de ocorrer uma ressurreição desta classe. “Eis que vem com as nuvens [descreve-se indubitavelmente o segundo advento], e todo olho O verá [das nações que então vivem na Terra], até quantos O traspassaram [os que tomaram parte ativa na terrível obra de Sua crucifixão]. E todas as tribos da Terra se lamentarão sobre Ele.” (Apocalipse 1:7). Se não fosse feita exceção para o seu caso, os que crucificaram o Senhor permaneceriam em suas sepulturas até o fim dos mil anos e ressuscitariam juntamente com os demais ímpios nessa ocasião. Mas aqui se nos diz que eles contemplam o Senhor em Seu segundo advento. Portanto, há de haver uma ressurreição especial para esse fim. {APLCDA 307.2}
É certamente muito apropriado que alguns dos que se distinguiram por sua santidade, que trabalharam e sofreram pela esperança que tinham na vinda do seu Salvador, mas morreram sem O haver visto, ressuscitem um pouco antes, para testemunharem as cenas que acompanham Sua gloriosa epifania; assim como saiu um bom número do sepulcro para contemplar Sua gloriosa ressurreição e escoltá-Lo (Mateus 27:52, 53) em triunfo até a destra do trono da Majestade nos céus (Efésios 4:8, nota marginal). Também os que se distinguiram na maldade, os que mais fizeram para vilipendiar o nome de Cristo e injuriar Sua causa, especialmente aqueles que Lhe deram morte cruel na cruz e dEle zombaram e O ridicularizaram na agonia de Sua morte, alguns destes ressuscitarão como parte de seu castigo judicial, para contemplar Sua volta nas nuvens do céu, como vencedor celestial, com grande majestade que não poderão suportar.{APLCDA 308.1}
Alguns consideram que este versículo proporciona boas provas de que os ímpios sofrem eternamente em forma consciente, porque os ímpios, aqui referidos, saem para vergonha e desprezo eterno. Como podem sofrer para sempre vergonha e desprezo, a não ser que estejam eternamente conscientes? Na verdade esta vergonha implica que estão conscientes, mas note-se que isto não há de durar para sempre. Este qualificativo só se aplica ao desprezo, emoção que os demais sentem para com os culpados, e não torna necessário o estado consciente daqueles contra os quais se dirige. A vergonha de sua impiedade e corrupção atormentará suas almas enquanto estiverem conscientes. Quando pereçam, consumidos por suas iniquidades, seu repugnante caráter e suas obras culpáveis excitarão somente desprezo da parte dos justos enquanto os recordarem. Portanto, o texto não proporciona prova alguma de que os ímpios tenham de sofrer eternamente. Versículo 3: Os sábios, pois, resplandecerão como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas, sempre e eternamente. (Almeida RC) {APLCDA 308.2}
Herança gloriosa — A nota marginal diz “ensinadores” em lugar de “sábios”. Os que ensinam resplandecerão como o fulgor do firmamento. É claro que isto se refere aos que ensinam a verdade e levam outros a conhecê-la, precisamente no tempo em que se cumprirão os eventos registrados nos versículos anteriores. De acordo com a maneira de o mundo calcular lucros e perdas, custa algo ensinar a verdade nestes tempos. Custa reputação, comodidade, conforto e frequentemente propriedades. Envolve labor, cruzes, sacrifícios, a perda de amigos, o ridículo, e muitas vezes perseguição.{APLCDA 309.1}
Com frequência se pergunta: Como podeis guardar o verdadeiro dia de repouso e talvez perder vosso cargo, reduzir vossas entradas e até correr o risco de perder vosso meio de sustento? Que miopia, fazer da obediência às exigências de Deus um assunto de consideração pecuniária! Que conduta diferente da seguida pelos nobres mártires que não amaram sua vida até a morte! Quando Deus dá uma ordem, não podemos atrever-nos a desobedecer. Se nos perguntarem: Como podeis guardar o sábado e cumprir outros deveres que significam obedecer à verdade?, só precisamos perguntar, em resposta: Como podemos atrever-nos a não fazê-lo?{APLCDA 309.2}
No dia vindouro, quando perderem a vida os que tiverem procurado salvá-la e os que tiverem estado dispostos a arriscar tudo por amor à verdade e seu divino Senhor, receberem a gloriosa recompensa prometida nesta passagem, e ressuscitarem para resplandecer como o firmamento e como as estrelas para sempre, ver-se-á quem terá sido sábio e quem terá feito sua escolha cega e insensatamente. Os ímpios e os mundanos hoje consideram os cristãos como insensatos e loucos e se lisonjeiam de terem uma inteligência superior para escapar ao que chamam loucura e evitar perdas. Não precisamos responder-lhes, pois os que agora tomam essa decisão, dentro em breve a quererão mudar, com ansiedade, mas inutilmente.{APLCDA 309.3}
Enquanto isso, é privilégio do cristão desfrutar as consolações desta maravilhosa promessa. Unicamente os mundos estelares nos podem proporcionar um conceito de sua magnitude. Que são essas estrelas, a cuja semelhança os ensinadores de justiça hão de brilhar para sempre e eternamente? Quanto esplendor, majestade e duração inclui esta comparação?{APLCDA 310.1}
O Sol do nosso próprio sistema solar é uma dessas estrelas. Se o comparamos com este globo em que vivemos e que nos proporciona a comparação mais compreensível, verificaremos que é um orbe de não pouca magnitude e magnificência. Nossa Terra tem 12.000 quilómetros de diâmetro, mas o diâmetro do Sol é de 1.440.000 quilómetros. É 1.300.000 vezes maior que nosso globo. E seu peso equivale a 333.000 mundos como o nosso. Que imensidão! E que sabedoria e poder foi necessário para criar tantas maravilhas!{APLCDA 310.2}
Contudo, está muito longe de ser o maior ou mais brilhante dos orbes dos céus. A proximidade do Sol, que fica apenas a 155.000.000 de quilômetros de nós, permite que ele exerça sobre nós uma influência controladora. Porém na vastidão do espaço, tão distantes que parecem simples pontinhos de luz, fulguram outros orbes maiores de maior glória. A estrela fixa mais próxima, Próxima Centauro, no hemisfério sul, fica a uns quarenta bilhões de quilômetros de distância. Mas a estrela Polar e seu sistema ficam cem vezes mais longe e fulgura com brilho igual ao de 2.500 sóis como o nosso. Outros ainda são muito luminosos, como por exemplo Arcturo, que emite luz equivalente a 158 sóis como o nosso; Capela, 185 e assim sucessivamente, até que chegamos à grande estrela Rigel, na constelação do Órion, que inunda os espaços celestes com um fulgor 15.000 vezes maior que o do ponderado orbe que ilumina e controla nosso sistema solar. (James H. Jeans, The Stars in Their Courses, p. 165).{APLCDA 310.3}
Por que não nos parece mais luminoso? Porque sua distância equivale a 33.000.000 de vezes a órbita da Terra, que é de 310.000.000 de quilômetros. As cifras se tornam débeis para expressar tais distâncias. Basta dizer que sua luz deve atravessar o espaço à velocidade de 310.000 quilômetros por segundo durante um prazo superior a dez anos antes de alcançar nosso mundo. E há muitas outras estrelas que se encontram a centenas de anos-luz de nosso sistema solar. {APLCDA 310.4}
Alguns destes monarcas dos céus reinam sós como o nosso próprio Sol. Alguns são duplos, isto é, o que nos parece ser uma única estrela compõe-se de duas estrelas, ou seja, dois sóis com todo o seu séquito de planetas, girando um em redor do outro. Outros são triplos, alguns quádruplos e pelo menos um é sêxtuplo.{APLCDA 311.1}
Ademais, mostram todas as cores do arco-íris. Alguns sistemas são brancos, outros azuis, outros vermelhos, outros amarelos, outros verdes. Em alguns, os diferentes sóis que pertencem ao mesmo sistema são de cores diferentes. Diz o Dr. Burr: “E, como para fazer do Cruzeiro do Sul o objeto mais belo de todos os céus, encontramos nessa constelação um grupo de mais de cem astros diversamente coloridos: sóis vermelhos, verdes, azuis e verde-azulados, tão estreitamente acumulados que num poderoso telescópio se assemelham a um soberbo ramalhete ou uma jóia fantástica.” (Enoc Fitch Burr, Ecce Coelum, p. 136).{APLCDA 311.2}
Alguns anos se passam e todas as coisas terrenas adquirem o bolor da idade e o odor da decadência. Mas as estrelas continuam brilhando em toda a sua glória como no princípio. Séculos e idades se foram, reinos surgiram e desapareceram. Voltamo-nos para trás, muito além do sombrio e obscuro horizonte da história, chegamo-nos ao primeiro momento em que a ordem foi evocada do caos, quando “as estrelas da alva juntas alegremente cantavam e todos os filhos de Deus rejubilavam” (Jó 38:7) e encontramos então que as estrelas seguiam em sua soberba marcha. Não sabemos desde quanto tempo o faziam. Os astrônomos nos falam de nebulosas que se encontram nos mais longínquos limites da visão telescópico, cuja luz em seu vôo incessante precisaria de cinco milhões de anos para chegar a este planeta. No entanto, nem seu brilho nem sua força diminuem. Parecem sempre dotados do orvalho da juventude. Não há neles fator algum de decadência, nem movimento vacilante que revele decrepitude. Continuam a brilhar com glória inefável por toda a eternidade. {APLCDA 311.3}
Assim os que a muitos ensinarem a justiça resplandecerão numa glória que infundirá alegria no coração do Redentor. E assim transcorrerão seus anos para sempre e eternamente.{APLCDA 313.1}
Versículo 4: Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará.{APLCDA 313.2}
O livro de Daniel selado — As “palavras” e o “livro” dos quais se fala aqui, são indubitavelmente as coisas que foram reveladas a Daniel nesta profecia. Estas coisas haviam de permanecer encerradas e seladas até ao tempo do fim, quer dizer, não deviam ser estudadas de modo especial, ou entendidas em sua maior parte, até aquele tempo. O tempo do fim, como já foi demonstrado, começou em 1798. Como o livro esteve fechado e selado até esse tempo, é claro que naquele tempo, ou a partir desse ponto, o livro seria aberto. As pessoas poderiam compreendê-lo melhor e sua atenção seria especialmente atraída para esta parte da Palavra inspirada. Não é preciso recordar ao leitor o que desde aquele tempo se tem feito com referência à profecia. As profecias, especialmente as de Daniel, têm sido examinadas por muitos estudantes deste mundo onde quer que a civilização entendeu sua luz sobre a Terra. De modo que o restante do versículo, sendo uma predição do que deve ocorrer após o início do tempo do fim, diz: “Muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará.” (Almeida RC). Quer este correr de uma parte para outra se refira ao traslado de pessoas de um lugar a outro e aos grandes progressos nos meios de transporte e de locomoção alcançados no século passado, quer signifique, como alguns entendem, que percorreriam as profecias, ou seja, buscariam fervorosa e diligentemente a verdade profética, o certo é que nossos olhos contemplam seu cumprimento. Deve encontrar sua aplicação num destes dois modos. E em ambos os aspectos nossa época notavelmente se destaca.{APLCDA 313.3}
O aumento do conhecimento — “E o saber se multiplicará.” Isto deve referir-se à multiplicação do conhecimento em geral, o desenvolvimento das artes e ciências, ou a um aumento do conhecimento referente às coisas reveladas a Daniel, que haviam de ficar encerradas e seladas até o tempo do fim. Aqui novamente, qualquer que seja a aplicação que dermos, o cumprimento é notável e completo. Consideremos as admiráveis produções da mente e as formidáveis obras das mãos humanas, que rivalizam com os mais ousados sonhos dos magos antigos, mas que se desenvolveram nos últimos cem anos apenas. Nesse período se progrediu mais em todos os ramos científicos, e mais progressos foram feitos nas comunidades humanas, na rápida execução dos trabalhos, na transmissão dos pensamentos e palavras, nos meios de viajar rapidamente de um lugar a outro e até de um continente a outro, que durante os três mil anos anteriores. {APLCDA 313.4}
Maquinaria agrícola — Comparem-se os métodos de colheita que são praticados em nossa época com o antigo método de colher à mão feito nos dias de nossos avós. Hoje uma só máquina corta, debulha e coleta em bolsas os cereais e os deixa prontos para o mercado.{APLCDA 314.1}
Navios modernos e guerra mecanizada — A guerra moderna usa navios poderosos de superfície e submarinos, como também aviões de bombardeio e de caça que nem sequer eram sonhados a meados do século passado. Os tanques e os caminhões, a artilharia motorizada e outros implementos substituíram os animais e aríetes dos antigos.{APLCDA 314.2}
A estrada-de-ferro — A primeira locomotiva construída nos EUA foi fabricada na fundição West Point, Nova York, e começou a funcionar em 1830. Atualmente houve tanto progresso nas estradas-de-ferro que os trens aerodinâmicos chegam a velocidades de 160 quilômetros por hora.{APLCDA 314.3}
Os transatlânticos — Somente um século após iniciar a navegação a vapor, os maiores transatlânticos podem cruzar o oceano entre a Europa e a América em quatro dias. Oferecem todos as comodidades que se encontram nos hotéis mais luxuosos.{APLCDA 314.4}
A televisão — Depois veio a radiotelegrafia, um milagre, em 1896. Por volta de 1921, essa descoberta se desenvolveu na propagação radiotelefônica. Agora a televisão, a transmissão sem fio do que se vê e se ouve, até de projeções cinematográficas nas ondas etéreas, é uma realidade nacional. {APLCDA 314.5}
O automóvel — Não faz muito o automóvel era desconhecido. Agora toda a população dos EUA poderia estar viajando ao mesmo tempo de automóvel. Certos automóveis de corrida têm alcançado velocidades superiores a 500 quilômetros por hora. Enormes ônibus de passageiros cruzam os continentes, e nas grandes cidades substituíram os bondes elétricos.{APLCDA 315.1}
A máquina de escrever — O primeiro modelo da máquina de escrever moderna foi posto a venda em 1874. Agora as máquinas velozes e silenciosas destinadas tanto ao escritório como à residência adaptam-se a todo tipo de escrita e tabelas, e vieram a ser uma parte indispensável dos equipamentos comerciais.{APLCDA 315.2}
A imprensa moderna — Para ter uma ideia do progresso feito neste ramo basta pôr em contraste a imprensa manual que Benjamim Franklin usava com as rotativas de alta velocidade que imprimem os diários a um ritmo duas vezes mais rápido que o de uma metralhadora.{APLCDA 315.3}
A câmara fotográfica — O primeiro retrato de um rosto humano feito com o auxílio do sol foi obra do professor João Guilherme Draper de Nova York em 1840, mediante um aperfeiçoamento do processo de Niepce e Daguerre, os criadores franceses da fotografia. Desde 1924, graças ao aperfeiçoamento das lentes e as emulsões tem-se tirado fotos de grandes distâncias e de vastas extensões, desde aviões que voavam a grande altura. Podem tirar-se fotografias de objetos invisíveis a olho nu mediante os raios X e os raios infravermelhos. A fotografia colorida fez também muitos progressos. Desde seu início em 1895, a cinematografia chegou a exercer uma poderosa influência na vida de milhões de pessoas. Foram aperfeiçoadas as câmaras fotográficas e outras para tirar a cores e são produzidas a preços reduzidos que as colocam ao alcance das multidões.{APLCDA 315.4}
A aeronavegação — A conquista do espaço pelo homem foi realizada pelo aeroplano em 1903. É um dos mais notáveis triunfos da história. Serviços regulares de passageiros e de correios foram estabelecidos através do oceano entre todos os continentes.{APLCDA 315.5}
O telefone — A primeira patente de telefone foi concedida a Alexandre Graham Bell em 1876. Desde então se têm estendido redes intrincadas de telefone por todos os continentes para vincular os povos e as pessoas.{APLCDA 316.1}
Máquinas tipográficas — Estas produziram uma revolução na arte de imprimir. A primeira máquina que compôs tipo mecanicamente foi patenteada na Inglaterra em 1822 pelo Dr. Guilherme Church. Das muitas máquinas introduzidas desde então, as que se usam atualmente são máquinas que fundem seus próprios tipos, como a linotipo inventada por Mergenthaler (1878), e a monotipo, inventada em Lanston em 1885.{APLCDA 316.2}
A composição à distância — Mediante uma combinação de telégrafo e máquinas fundidoras de linha, agora é possível que um operário situado numa estação central componha material para a imprensa por telégrafo simultaneamente, a qualquer distância e em tantos lugares quantos estejam vinculados à estação central. Isto permite compor as notícias com uma economia de 50 a 100 por cento.{APLCDA 316.3}
As pontes suspensas — A primeira ponte suspensa que mereça ser lembrada nos EUA foi construída sobre o rio Niágara em 1855. A ponte da Porta de Ouro, que cruza a entrada da baía de São Francisco, foi terminada em 1937 ao custo de 35.000.000 de dólares, tem o maior arco do mundo, a saber 1.275 metros. Feitos semelhantes na construção de pontes foram realizados em todos os países progressistas do mundo.{APLCDA 316.4}
Eis uma lista parcial dos progressos feitos nos conhecimentos desde o tempo do fim iniciado em 1798:{APLCDA 316.5}
Iluminação a gás, 1798; penas de aço, 1803; fósforos, 1820; máquina de costura, 1841; anestesia por éter e clorofórmio, 1846; cabo submarino, 1858; a metralhadora Gatling, 1861; navio de guerra blindado, 1862; freios automáticos nos trens, 1872; sismógrafo, 1880; turbina a vapor, 1883; raios X, 1895; radium, 1898; telefone transcontinental, 1915.{APLCDA 316.6}
Que galáxia de maravilhas surgidas na mesma época! Quão admiráveis são as proezas científicas de nossa era, sobre a qual todas estas descobertas e invenções concentram sua luz! Chegamos realmente à era da multiplicação do saber. {APLCDA 316.7}
Para honra do cristianismo, notemos em que países e por quem foram feitas estas descobertas que tanto contribuíram para tornar a vida mais fácil e mais cômoda. Tem sido em países cristãos e entre cristãos, desde a grande Reforma. Não podem ser estes progressos creditados à Idade Média, que proporcionou só um disfarce do cristianismo; nem aos pagãos, que em sua ignorância não conhecem a Deus, nem aos habitantes das terras cristãs que negam a Deus. Na verdade, o espírito de igualdade e liberdade individual estimulado pelo evangelho de Cristo, quando pregado em sua pureza original, é o que liberta o corpo e o espírito dos seres humanos, convida-os ao máximo uso de suas faculdades e torna possível uma era de liberdade de pensamento e ação capaz de realizações tão admiráveis.{APLCDA 317.1}
O aumento do conhecimento da Bíblia — Mas se assumirmos outro ponto de vista e interpretarmos a multiplicação do saber como aumento do conhecimento da Bíblia, apenas importa olharmos para a luz maravilhosa que nos resplandeceu sobre as Escrituras durante o último século e meio. O cumprimento da profecia se tem revelado na história. O emprego de um seguro princípio de interpretação levou à indiscutível conclusão de que o fim de todas as coisas está próximo. Na verdade o selo do livro foi tirado e aumentou admiravelmente o conhecimento acerca do que Deus revelou em Sua Palavra. Cremos ser neste aspecto que a profecia mais especialmente se cumpre, pois somente numa era sem paralelo como a atual poderia a profecia cumprir-se.{APLCDA 317.2}
Que estamos no tempo do fim o demonstra Apocalipse 10:2, onde se vê um poderoso anjo descer do céu com um livrinho aberto na mão. Já não podia ficar selado o livro dessa profecia, mas seria aberto e compreendido. Para achar a prova de que o livrinho que ali é dito estar aberto é o livro aqui encerrado e selado quando Daniel o escreveu, e de que o anjo entrega sua mensagem nesta geração, ver os comentários sobre Apocalipse 10:2.{APLCDA 317.3}
Versículos 5-7: Então, eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros dois, um, de um lado do rio, o outro, do outro lado. Um deles disse ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Quando se cumprirão estas maravilhas? Ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, quando levantou a mão direita e a esquerda ao céu e jurou, por aquele que vive eternamente, que isso seria depois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo. E, quando se acabar a destruição do poder do povo santo, estas coisas todas se cumprirão.{APLCDA 320.1}
Quando será o fim? — A pergunta: “Quando se cumprirão estas maravilhas?” se refere, sem dúvida, a tudo o que foi anteriormente mencionado, inclusive o ato de Miguel levantar-Se, o tempo de angústia, o livramento do povo de Deus e a ressurreição especial, do versículo 2. A resposta parece dar-se em duas partes. Primeiro, é assinalado um período profético específico; segue-se um período profético indefinido antes que se chegue à conclusão de todas estas coisas, assim como o encontramos em Daniel 8:13, 14. Quando se perguntou : “Até quando durará a visão [...] na qual era entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados?” a resposta mencionou um período de 2.300 dias, seguido de um período indefinido que abrangeria a purificação do santuário. Assim, no texto que consideramos é indicado o período de um tempo, tempos e metade de um tempo, a saber, 1.260 anos e logo um período indefinido para continuar a destruição do poder do povo santo, antes da consumação.{APLCDA 320.2}
Os 1260 anos assinalam o período da supremacia papal. Por que se introduz este período aqui? Provavelmente porque esta potência é a que tem feito mais que qualquer outra na história do mundo para destruir o poder do povo santo, ou seja, oprimir a igreja de Deus. Mas que devemos entender pela expressão: “Quando se acabar a destruição do poder do povo santo”? ou como diz a Nova Versão Internacional: “Quando o poder do povo santo for finalmente quebrado.” Em algumas versões se traduz esta frase assim: “Quando ele acabar a dispersão” etc., e nesse caso o pronome “ele” parece designar “Aquele que vive eternamente”, ou seja Jeová. Mas, como diz judiciosamente um eminente intérprete das profecias, ao considerar os pronomes da Bíblia devemos interpretá-los de acordo com os feitos do caso e com frequência devemos relacioná-los com um antecedente compreendido, em vez de um nome expresso. De modo que aqui o chifre pequeno, ou homem do pecado, depois de ter sido introduzido pela menção particular do tempo de sua supremacia, os 1.260 anos, deve ser o poder a que se refere o pronome ele. Durante 1260 anos oprimiu cruelmente a igreja ou lhe dissipou a força.{APLCDA 320.3}
Depois de lhe ser tirada a supremacia, permanece sua disposição adversa para com a verdade e seus defensores, é continua sentindo até certo ponto seu poder e prossegue sua obra de opressão na medida do que lhe é possível, mas até quando? Até o último dos acontecimentos apresentados no versículo 1, a saber, o livramento do povo de Deus. Uma vez liberto, os poderes perseguidores já não podem oprimi-lo, sua força já não fica dispersa, chega-se ao fim das maravilhas preditas nesta grande profecia e todas as suas predições estarão cumpridas.{APLCDA 321.1}
Ou, sem particularmente alterar o sentido, podemos referir o pronome “ele” ao Ser mencionado no juramento do versículo 7, “Aquele que vive eternamente”, quer dizer, Deus, pois Ele emprega os agentes dos poderes terrestres para castigar e disciplinar o Seu povo, e neste sentido se pode dizer que Ele mesmo lhe destrói o poder. Por intermédio de Seu profeta Ele disse acerca do reino de Israel: “Ruína, Ruína! A ruínas a reduzirei, até que venha Aquele a Quem ela pertence de direito.” (Ezequiel 21:27). Também encontramos que “até os tempos dos gentios se completarem, Jerusalém será pisada por eles.” (Lucas 21:24). Igualmente significativa é a profecia de Daniel 8:13: “Até quando durará a visão [...] na qual era entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados?” Quem as entrega a esta condição? Deus. Por quê? Para disciplinar, purificar, embranquecer e provar o Seu povo. Até quando? Até que o santuário seja purificado.{APLCDA 321.2}
Versículos 8-10: Eu ouvi, porém não entendi; então, eu disse: meu senhor, qual será o fim destas coisas? Ele respondeu: Vai, Daniel, porque estas palavras estão encerradas e seladas até ao tempo do fim. Muitos serão purificados, embranquecidos e provados; mas os perversos procederão perversamente, e nenhum deles entenderá, mas os sábios entenderão.{APLCDA 321.3}
O livro selado até o fim do tempo — A solicitude de Daniel para entender plenamente tudo o que lhe fora mostrado nos lembra vividamente as palavras de Pedro quando fala dos profetas que diligentemente indagaram e inquiriram, procurando compreender as predições referentes aos sofrimentos de Cristo e a glória que os seguiria. Diz-nos que “a eles foi revelado que, não para si mesmos, mas para” nós ministravam (1 Pedro 1:12). Quão pouco do que alguns dos profetas escreveram lhes foi permitido entender! Mas nem por isso se recusaram a escrever. Se Deus lhes pedia isso, sabiam que oportunamente cuidaria de que Seu povo recebesse de seus escritos todo o benefício que Ele queria que recebesse.{APLCDA 322.1}
De modo que as palavras aqui dirigidas a Daniel lhe indicavam que, quando chegasse o devido tempo, os sábios entenderiam o significado do que ele havia escrito e o aproveitariam. O tempo do fim era o momento em que o Espírito de Deus haveria de romper o selo deste livro. Era o tempo durante o qual os sábios entenderiam, enquanto os ímpios, que não têm o senso dos valores eternos, por ter o coração endurecido pelo pecado, continuarão cada vez piores e mais cegos. Nenhum dos ímpios entende. Eles chamam insensatez e presunção os esforços que os sábios fazem para entender e perguntam: “Onde está a promessa de Sua vinda?” Se alguém perguntar: De que tempo e de que geração fala o profeta? A resposta sempre deve ser: Do tempo atual e da geração em que vivemos. Esta linguagem do profeta está recebendo notável cumprimento.{APLCDA 322.2}
A redação do versículo 10 parece singular à primeira vista: “Muitos serão purificados, embranquecidos e provados.” Pode alguém perguntar: Como poderiam ser purificados e depois embranquecidos ou provados (como a linguagem parece implicar) quando é a prova que os purifica e embranquece? A linguagem, sem dúvida, descreve um processo que muitas vezes se repete na experiência daqueles que, durante esse tempo, vão sendo preparados para a vinda do Senhor e Seu reino. São purificados e embranquecidos, em comparação com sua situação anterior. Logo são novamente provados. Maiores provas lhes são impostas. Se as suportarem, continua a obra de purificação até alcançarem um caráter mais puro. Chegando a esse estado são novamente provados, e ainda mais purificados e embranquecidos. Assim o processo continua, até desenvolverem um caráter que suportará a prova no grande dia do juízo e chegam a uma condição espiritual que já não necessite de prova. {APLCDA 322.3}
Versículo 11: Depois do tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias.{APLCDA 323.1}
Os 1.290 dias proféticos — Aqui se introduz um novo período profético, a saber, o dos 1290 dias proféticos, que segundo a autoridade bíblica deve representar o mesmo número de anos literais. Pelo contexto, alguns têm deduzido que este período se inicia com o estabelecimento da abominação desoladora, ou seja, o poder papal, no ano 538, e consequentemente se estenderia a 1828. Nesta última data nada encontramos que assinale o término de tal período, mas achamos provas de que tal período se inicia antes do estabelecimento da abominação papal. Um estudo do original hebraico indica que o texto deve ser lido assim: “Desde o tempo em que o contínuo sacrifício será tirado, para se estabelecer a abominação desoladora, haverá 1.290 dias.”{APLCDA 323.2}

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