6 de dezembro de 2011

ESTUDO DE DANIEL 2

Agora, após esta breve introdução, pensamos que estamos aptos para abordarmos, verdadeiramente, a estrutura deste grande livro profético de Daniel, à luz da vertente que nos propomos analisar. A profecia, mais não é do que uma janela para o tempo longo, dada por Deus através do Seu profeta, para que o homem possa saber qual o plano de Deus e assim se situar em função do mesmo, ou seja, saber exactamente onde se encontra em relação a este tempo longo profético.
O livro do profeta Daniel apresenta grandes profecias em termos de conteúdo, assim como algumas histórias que são uma inspiração para os mais velhos e um encanto para os mais jovens, como por exemplo: - 1ª- a história do cerco a Jerusalém por Nabucodonosor e da ida, para Babilónia, de Daniel e dos seus amigos, assim como o que lá se passou, nos primeiros tempos – Daniel 1; 2ª- a história dos três hebreus lançados no forno – Daniel 3; 3ª- a história da loucura do rei Nabucodonosor – Daniel 4; 4ª- a história da queda de Babilónia – Daniel 5; 5ª- a história de Daniel no fosso dos leões – Daniel 6.
Estas profecias estão relacionadas entre si pois seguem a mesma ordem ou sequência. Assim, para podermos compreender plenamente a profecia é preciso saber, exactamente, onde nos encontramos, na História. Evidentemente que, se as profecias não se cumprirem de uma forma seguida, não poderemos saber, na verdade, onde estamos na História, no tempo longo. Se elas apontam, unicamente, para o futuro, então estas nada têm para nos dizer, no tempo presente. Mas, se as profecias começaram nos dias do profeta e se cumprem sucessivamente, então sabemos, exactamente, não só onde estamos como também conhecemos o que ainda falta desta para se cumprir. Nestes quatro esquemas proféticos, o mais importante, como facilmente poderemos compreender, encontra-se no que serve de base de todos os demais, aquele que se encontra em Daniel 2. Por que é que é importante? Porque é aqui, neste capítulo, que encontramos a base, o esqueleto do que vem a seguir, pois todos os elementos estão relacionados uns com os outros, num crescendo de informação.
Assim, se conhecermos bem a estrutura de Daniel 2, então estaremos à altura de conhecer a razão de ser das demais profecias, ou seja, onde as inserir para que nestas possamos ver o integral conhecimento do que fora, previamente, anunciado. O que encontramos em Daniel 2 é, por assim dizer, comparativamente, como já referimos, um verdadeiro esqueleto. Na verdade, para que servirá um esqueleto? A resposta básica e elementar é que o mesmo serve para que um corpo possa suster-se, permanecer direito, na vertical. O corpo precisa deste para a sua locomoção e existência. Da mesma forma, encontramos esta relação com o capítulo 2 de Daniel – o verdadeiro esqueleto das profecias.
Este, como esqueleto que é e como facilmente se compreenderá, não comporta todos os detalhes, unicamente uma parte do todo. As profecias que lhe são inerentes, não fazem mais do que trazer os elementos que lhe faltam, tal como acontece no esqueleto humano – carne, nervos, pele, etc. Este é o papel, a função das restantes profecias em relação ao esqueleto encontrado em Daniel 2. Dito isto, se não entendermos a profecia de Daniel 2, nunca iremos compreender nenhuma das outras restantes. Neste caso, seria a mesma coisa que possuir um corpo sem esqueleto. E como seria um corpo sem esqueleto, que aspecto teria? Certamente que este não passaria de uma substância gelatinosa, algo sem qualquer consistência. O que seriam as restantes profecias sem a de Daniel 2? Nem mais nem menos – um corpo sem a sua base, sem o seu esqueleto – que lhe dá firmeza, forma e existência.

A Bíblia aponta para a interpretação historicista e o conteúdo de Daniel 2, a nosso ver, não é excepção, pois é uma profecia historicista por excelência. Esta mostra-nos onde nos encontramos neste preciso momento, quer na História e na profecia. Iremos recordar o conteúdo desta primeira profecia que se encontra neste capítulo 2 – a estátua: 1- A cabeça era de ouro; 2- O peito era de prata; 3- O ventre era de bronze; 4- As pernas são de ferro; 5- Os pés eram de ferro e de barro; 6- A Pedra – depois da visão vem uma pedra (que representa o juízo). Esta, geralmente é tida como a representação da 2ª vinda de Cristo. Mas, tecnicamente, esta representa o momento em que Cristo retira aos reis deste mundo, o direito de reinar. E isto acontece, não quando Ele vier, mas antes, ou seja, quando examinar os casos de cada nação e lhes tirar o seu poderio; 7- Depois, a pedra transforma-se numa gigantesca montanha – v. 35
Assim sendo podemos ver estas 7 partes inerentes à estátua. Agora passaremos a dar os nomes aos símbolos:
1. O ouro – Babilónia (605-539)
2. A prata – Medo Pérsia (539-331)
3. O bronze – Grécia (331-168)
4. O ferro – Roma Imperial (168 a.C. – 476 d.C.)
Através desta simples análise podemos aperceber-nos de quão importante é o método historicista, pois permite-nos acompanhar todo o desenvolvimento profético sem interrupção, neste caso, desde os dias de Nabucodonosor, rei de Babilónia.
5. O ferro/barro
O ferro representa um reino político – Roma Imperial. Ora, se este se estende até aos pés e dedos – v. 41,42 – isto quer dizer que ainda aqui temos resquícios, vestígios do mesmo poder político - Roma Imperial. Por sua vez, como já vimos em publicação anterior, o – barro – significa e incorpora uma face religiosa.
O que é que se passou quando o Império Romano foi dividido? Este ficou fragmentado em dez reinos e, a seu tempo, entre este, irá fazer erupção um outro poder que será bem peculiar, tal como o seu nome – chifre pequeno. Este pormenor que coadjuva a informação de Daniel 2, encontramo-lo no capítulo 7 deste mesmo livro. Este poder, este chifre era diferente dos demais? Claro que sim, pois apresentava certas características que os demais não tinham – olhos e boca – Daniel 7.8. As actividades deste chifre pequeno são, essencialmente, religiosas. Aqui, em Daniel 7, apercebemo-nos que este poder mistura o religioso com o político, visto que se levanta entre os restantes 10 chifres compostos por ferro/barro, resultantes da divisão do Império Romano. Este poder não é mais nem menos que o mesmo poder mencionado no capítulo 2, só que não de uma forma tão específica. Os 10 dedos dos pés são constituídos também de ferro, visto que são a continuação de Roma Imperial; esta não cai, mas divide-se. Depois, junta-se-lhes um outro elemento – o barro de oleiro – que representa a matéria de um corpo, que é o ser humano que, no seu conjunto forma a Igreja – o corpo de Cristo.
Os reinos da Europa começaram no ano 476 d.C. data da extinção do Império Romano do Ocidente. A partir desta data, a Igreja irá crescer e misturar-se gradualmente com o Estado. O poder que se identifica com a Igreja e que a misturará com o Estado, a seu tempo, tal como estava profetizado, seria ferido mortalmente – Apocalipse 13.3.
Em Daniel 2 não encontramos este pormenor, pois convém não esquecermos que este capítulo, tal como dissemos anteriormente, é o esqueleto de um todo profético. Desta forma, em que parte da História nos encontramos hoje, comparativamente à estátua de Daniel 2? Claro, estamos na extremidade da mesma – nos pés – ou melhor, como alguns comentadores ousam dizer que, já estamos tão perto do clímax desta que, estes dizem que, neste momento, nos encontramos “nas unhas dos pés da História!” Continuarão os pés da estátua, ou seja, o que eles representam, até à 2ª vinda de Cristo? A resposta é claramente afirmativa. Será que agora, nos nossos dias, o Estado e a Religião estão unidos para perseguirem, de novo, o povo de Deus? Ainda não. Assim sendo, quer dizer que, a exemplo do passado se irão unir para o mesmo propósito. Por que é que o afirmamos? Porque os pés misturados com barro coexistirão até à 2ª vinda de Cristo, tal como o profeta dá a conhecer, depois de falar dos 10 dedos dos pés – “Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído (…)” - v. 44. Assim sendo, teremos que fazer um paralelo entre Daniel e Apocalipse. Este último mostra-nos que estes 10 reinos que constituíram a Europa tornar-se-ão reinos mundiais. Porquê? Porque a Europa foi exportada para todo o muno. Por exemplo, os que vivem nas Américas, de onde vieram? Claro, da Europa. Os países do terceiro mundo foram colónias das nações europeias.
A Europa dilatou-se e, por esta razão, foi criada a expressão 3º mundo. Qual é a origem desta expressão? Cronologicamente, para que haja um 3º mundo, este terá que ser precedido de um 2º e de um 1º! Assim sendo temos: 1- 1º mundo = a Europa; 2- 2º mundo = a América; 3- 3º mundo = os países em vias de desenvolvimento. Este 1º mundo – a Europa – encontra-se, na verdade, em todo o mundo. Por esta razão, estes 10 reinos já não estão confinados à Europa, mas são reinos universais. Não esqueçamos de algo muito importante: - em Daniel 2 são mostrados símbolos – ouro, prata, cobre, ferro e barro de oleiro. Se assim é, o número 10 seria uma excepção? Cremos, sinceramente, que não. O número 10, biblicamente falando, tem um valor simbólico, tal como tem o número 7, o qual significa “plenitude”.
É interessante, acerca do número 7, o que a Bíblia nos mostra, como por exemplo, através do que aconteceu com uma personagem Síria chamada Naamã – II Reis 5.1-19. 1- Este homem era leproso; 2- após ter ido ao encontro do profeta Eliseu, este mandou, para que se curasse, mergulhar 7 vezes no rio Jordão. Este obedeceu e no final do 7º mergulho, diz o relato bíblico que “(…) a sua carne tornou, como a carne de um menino, e ficou purificado” – v. 14; 3- Deus fez um mundo perfeito em 7 dias; 4- Deus destruiu, perfeitamente, a cidade de Jericó em 7 dias; 4- O sangue purificador era aspergido sobre o Propiciatório - no Santuário - 7 vezes, para uma limpeza perfeita e total. Assim, portanto, o nº 7, tal como foi dito, significa: - perfeição, totalidade, completamente.
6. A pedra – o juízo
Quando começou o juízo? Este começou em 1844, na data que assinala o cumprimento de Daniel 8.14, ou seja, ano em que o Santuário celestial seria purificado. Isto quer dizer que, neste momento, estamos a viver neste período representado pelos pés da estátua. Segundo Daniel 7, estes reinos prolongar-se-ão até ao dia do juízo. Neste, Cristo lhes retira o poder de reinar. Estamos, portanto, no período da pedra, onde Cristo está a julgar as nações no decorrer do que se poderá chamar Juízo Investigativo que, tal como o seu nome indica, mais não é para se apurar quem tem direito a quê. Estamos, por assim dizer, no período antes que se forme a “montanha” – Daniel 2.35 - que representa a 2ª vinda de Cristo, visto que todas as profecias nela terminam, e não, como já dissemos, com um hipotético rapto secreto da Igreja de Cristo neste último tempo. Aqui podemos ver claramente a interpretação historicista. A profecia de Daniel 2 começa nos dias do profeta e termina na 2ª vinda de Cristo, sem qualquer interrupção no desenrolar do tempo longo.
O campo evangélico, na sua interpretação profética, tal como vimos, com avanços e interrupções, como por exemplo – a profecia das 70 semanas de Daniel 9. Desta dizem que tudo já se cumpriu até ao momento em que Cristo foi baptizado. A seguir, Deus parou o relógio profético e a profecia ficou suspensa para entrar no período da Igreja. E quando este terminar com o rapto secreto da mesma, então Deus retoma o calendário profético. O problema com esta forma de interpretação profética é que, na verdade, nunca sabemos onde estamos no tempo histórico.
7. A montanha – v. 35
Esta é a fase logo após o juízo; este grande monte que enche toda a Terra e que será estabelecido para sempre – v. 44.

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