2 de julho de 2011

OS 490 ANOS DE GRAÇA DADOS A ISRAEL

Dentre os cativos transportados para Babilónia as Escrituras destacam a extraordinária figura de um jovem da linhagem real cuja integridade de carácter e fidelidade a Deus enriquece o relato sagrado e permanecem até hoje como exemplo a todas as gerações: Daniel. Foi ele sobremaneira honrado por Deus e se destacou com os mais elevados cargos na corte do império babilónico e do seu sucessor, o império medo-persa.

Ele ascendeu rapidamente à posição de primeiro-ministro do reino de Babilónia. Através do reinado de sucessivos monarcas, da queda da nação e o estabelecimento de outro império mundial, foram de tal natureza sua sabedoria e capacidade de estadista, tão perfeitos seu tacto, cortesia, genuína bondade de coração e sua fidelidade ao princípio (...) que teve até o reconhecimento dos seus inimigos. Honrado pelos homens com as responsabilidades de Estado e os segredos de reinos que tinham alcance universal, Daniel foi honrado por Deus como Seu embaixador, sendo-lhe dadas muitas revelações dos mistérios dos séculos por vir, algumas das quais não foram inteiramente compreendidas pelo próprio profeta (WHITE, Ellen G., O Cuidado de Deus, pp. 191-192).

Foi através de Daniel que o Senhor revelou as mais assombrosas profecias sobre o futuro e o destino do
mundo, daquela época até ao fim, podendo ser dito apropriadamente do livro que traz o seu nome que o mesmo se constitui no Apocalipse do Antigo Testamento.

Aproximando-se o fim do período de cativeiro previamente determinado por Deus (Jeremias 25:11), tal fato foi lembrado por Daniel, como está escrito: No ano primeiro do seu reinado (de Dario), eu Daniel, entendi pelos livros que o número de anos, de que falou o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de acabar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos (Daniel 9:2).

Daniel, então, numa das mais belas e inspiradoras páginas das Escrituras abriu o seu coração perante o Criador e, na sua oração tão conhecida, humildemente reconheceu a culpa de Israel e a justiça do seu castigo. Do mais íntimo de sua alma suplicou a resposta do Céu, não fiado em sua justiça, mas nas muitas misericórdias de Deus.

A resposta do Senhor foi imediata: Estando eu ainda falando na oração, o varão Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio voando rapidamente, e tocou-me à hora do sacrifício da tarde. E me instruiu, e, falou comigo, e disse: Daniel, agora saiu para fazer-te entender o sentido. No princípio das tuas súplicas, saiu à ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado; toma pois, bem sentido na palavra, e entende a visão. Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santo dos santos. Sabe e entende. Desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será tirado o Messias, e não será mais; e o povo do príncipe, que há-de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações. E Ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até a consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador (Daniel 9:21-27).

O período das setenta semanas faz parte de um outro período mencionado em outra visão referida no capítulo anterior, o oitavo, do livro de Daniel. O anjo fora enviado com o expresso fim de explicar-lhe o ponto que tinha deixado de compreender, na outra visão, a saber, a declaração relativa ao tempo: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado (Daniel 8:14).

Quando Daniel recebeu a visão relativa a este período, não lhe foi dado entendimento da mesma, mas apenas o atestado de que era verdadeira e que somente muito tempo depois seria cumprido. Por esta razão ele ficou perplexo, chegando ao ponto de enfraquecer e ficar enfermo vários dias (Daniel 8:26-27). Mas mesmo não sendo as revelações inteiramente compreendidas pelo próprio profeta, antes que findassem os labores de sua vida foi-lhe dada à abençoada certeza de que no fim dos dias , isto é, na conclusão do período da história deste mundo, ser-lhe-ia permitido outra vez estar na sua posição e lugar... (Daniel 12h12min e O Cuida do de Deus, p. 192).

Pelo princípio de para cada dia um ano (Números 14:34 e Isaías 34:8), quase que unanimemente aceito pelos estudiosos das profecias, as setenta semanas ou quatrocentos e noventa dias se referem a quatrocentos e noventa anos. Existem mesmo algumas traduções da Bíblia Sagrada que consignam a expressão setenta semanas de anos, referindo-se ao texto em questão. Este período é o que ainda restava ao povo de Israel como representante de Deus na Terra.

De todo o período mencionado de 2.300 anos deveriam ser determinadas, separadas , cortadas ou decretadas setenta semanas ou, como foi visto, 490 anos, como traduzem outras versões bíblicas do vocábulo hebraico nechtak. Portanto, 490 anos seriam cortados daquele período ou determinados sobre o povo de Israel. Em suma, deve ficar claramente estabelecido que, conforme o anjo declarara, setenta semanas, representando 490 anos, estavam separadas, referindo-se especialmente aos judeus.

Segundo o Anjo Gabriel as setenta semanas destinavam-se a uma obra especial exclusivamente para Israel e para a sua santa cidade, Jerusalém. Seis fatos, segundo o texto profético deveriam acontecer, dentro deste período:

– Fazer cessar a transgressão: O vocábulo hebraico kala donde é traduzido cessar ou extinguir encontram-se inúmeras vezes no Velho Testamento, sendo traduzido também como desviar, encerrar , fechar , deter . Uma versão francesa traduz a frase por – abolir a infidelidade. O pensamento é de acabar com a transgressão o que podemos compreender ser a vontade de Deus para com o Seu povo, vê-lo extirpar o pecado, cessar de cometê-lo. Dentro deste prazo o povo de Israel deveria reabilitar-se diante de Deus, sob pena de, findo o mesmo, deixar de ser o Seu povo escolhido (MELLO, Araceli S., Tes temunhos Históricos das Profecias de Daniel, pp. 556-557).

– Para dar fim aos pecados: A palavra pecados foi traduzida do vocábulo hebraico chatta-th que, de acordo com alguns manuscritos e os Massoretas, significa propriamente ofertas pelos pecados. Então, a frase profética é correctamente traduzida da seguinte forma: Para dar fim às ofertas pelo pecado . E este propósito foi alcançado com a morte de Cristo na cruz. Todo o sistema de ofertas sacrificais típicas do santuário, os holocaustos, apontava para a Sua morte no Calvário. Ali foi o Cordeiro de Deus sacrificado pelos pecados do mundo. Quando Jesus expirou na cruz infamante o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo (S. Mateus 27:51). Jesus mesmo dissera aos judeus, referindo -Se ao grande templo: Eis que a vossa casa vos ficará deserta (S. Mateus 23:38). Portanto, com a morte de Jesus cessaram todas as ofertas sacrificais, as quais tiveram o seu cumprimento na cruz. Consequentemente deixaram de ter sentido todas as ofertas de sacrifícios simbólicos e todo o ritual do santuário que delas dependia.

– Para expiar a iniquidade: O vocábulo hebraico do qual foi traduzida esta expressão é kaphar e quer dizer fazer expiação, mas não a expiação normal e anual do santuário terrestre, celebrada, anualmente, no dia 10 do sétimo mês, pelo sacrifício do bode expiatório. Quase ao término do prazo dos 490 anos de graça concedido aos judeus, estava previsto o ato pelo qual a remissão da culpa do mundo deveria ser concretizada: não através da morte de um bode expiatório, mas da morte do próprio Filho de Deus, que aquele bode simbolizava. Esta medida fora tomada já na eternidade, antes mesmo da fundação do mundo, quando já estava elaborado o plano da redenção do homem, como está escrito: ... o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo (Apocalipse 13:8). Uma versão bíblica traduz o texto assim: ... e a iniquidade se pague (Testemunhos Históricos, p. 558). Ora, verdadeiramente a iniquidade se pagou, na cruz, com infinito preço. A grande dívida do pecador perante Deus fora ali resgatado. Este aspecto da profecia teve fiel cumprimento na cruz.

– Para trazer a justiça eterna: O Filho de Deus não veio ao mundo simplesmente para apagar o pecado pelo Seu próprio sacrifício, dando assim satisfação ao Pai sobre a dívida do pecador perante Sua lei transgredida. Por outro lado Sua morte não tornou o pecador imediatamente justo. Seu sacrifício teve por objectivo reconciliar o homem pecador com Deus, justificando-o para novamente ter o direito à vida eterna.

A justiça eterna é o mesmo que a justificação pela fé. Quando o pecador aceita a Jesus pela fé, naquele mesmo momento os seus pecados são perdoados e a justiça eterna de Cristo lhe é imputada. Naquele instante ele recebe o título para o Céu. Esta é a primeira dimensão da justiça de Cristo: o perdão. O culpado pecador é declarado livre e inocente e o imaculado Salvador é declarado culpado, tendo recebido na cruz a condenação pelo pecado. Há uma troca de posição entre Jesus e o pecador.

A justiça eterna é representada pelas vestes de Cristo, que cobrem a nudez daqueles que O aceitam como Salvador. Inúmeros textos ilustram esta maravilhosa verdade. Pela primeira vez ela é expressa através das vestes de peles de cordeiros mortos por Deus para cobrir a nudez do primeiro casal antes de deixar o Jardim do Éden, após o seu grave pecado. (Génesis 3:21). Milénio mais tarde foi a mesma verdade ilustrada através da experiência do sumo sacerdote Josué, que teve as suas vestes sujas tiradas por ordem do Senhor, trocando-as pelas vestes novas da justiça (Zacarias 3:1-5).

Quando a justiça de Cristo cobre o pecador arrependido, não tem ele mais prazer no pecado, pois Cristo está operando em seu coração. Ele pode errar, sim, mas odiará o pecado que foi a causa dos sofrimentos do Filho de Deus.

Nas parábolas das bodas e do filho pródigo Jesus mostra claramente o significado das vestes da justiça. Na segunda, por ordem do Pai, o filho foi envolto no melhor vestido, para que não fossem mostrados os seus andrajos. Na primeira, somente foram aceitos nas bodas os que usavam o vestido nupcial. O homem que foi à ceia sem a veste de bodas representa a condição de muitos hoje em dia. Professam ser cristãos e reclamam as bênçãos e privilégios do evangelho, contudo não sentem a necessidade de transformação de carácter. Nunca sentiram verdadeiro arrependimento dos pecados. Não reconhecem a necessidade de Cristo, nem exercem fé nEle. Não venceram suas inclinações para a injustiça, herdadas e cultivadas. Contudo, pensam ser bastante bons em si mesmos, e confiam em seus próprios méritos em vez de nos de Cristo. Como ouvintes da palavra, vão ao banquete, mas não tomaram a veste da justiça de Cristo. Muitos que se chamam cristãos são meros moralistas humanos (WHITE, Ellen G., Parábolas de Jesus, pp. 313-316).

A Palavra de Deus expressa maravilhosamente em incontáveis citações esta tão admirável ilustração da justiça, representada por vestes ou trajes, cujos fios não foram tecidos em teares deste mundo. De Isaías, o profeta Messiânico, encontra: Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me vestiu de vestidos de salvação, me cobriu com o manto de justiça... (Isaías 61:10). E, de um dos mais antigos textos da inspiração, brota a cristalina verdade: Cobria-me de justiça, e ela me servia de vestido; como manto e diadema era o meu juízo (Job 29:14).

A justiça humana é chamada por Deus de trapos de imundície (Isaías 64:6). Sem as vestes da justiça eterna de Jesus, é impossível a justificação diante de Deus.

A justiça de Cristo é representada de duas formas distintas: Justiça imputada e justiça comunicada. Ao mesmo tempo em que Jesus imputa a Sua justiça ao pecador, comunica-lhe força e poder, através do Espírito Santo, para que ele possa resistir às tentações. A primeira representa o perdão e justifica o pecador diante do Pai. A segunda comunica ou concede força e poder a ele para resistir ao mal e andar em novidade de vida. A primeira, a justiça imputada, é o nosso título para o céu. A segunda, a justiça comunicada ou concedida, é a santificação, a nossa preparação para ele. Quando Jesus deu a Sua vida no Calvário, cumpriu esta dimensão da profecia, trazendo ao homem a oportunidade de receber a justiça eterna.

– Selar a vista e a profecia: O cumprimento histórico da profecia daria autenticidade e seria o selo que atestaria a procedência divina da visão das 2.300 tardes e manhãs, da qual as setenta semanas são partes integrantes.

– Para ungir o Santo dos Santos: O texto hebraico de onde é traduzida a expressão Santo dos Santos é qodesh haq godashim. Ele é repetido quarenta e cinco vezes no Velho Testamento designando coisas distintas. Foi usado para indicar muitos fatores ligados ao culto do santuário, distribuição das coisas santas, dedicação de animais e terras, e também a pessoas que se consagravam a Deus.

Não pode haver dúvidas de que o texto se refere à unção que Jesus Cristo, o Santo dos Santos, recebeu aqui na Terra, por ocasião do Seu batismo. Está escrito que ...Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude... (Actos 10:38). E a referida unção já estava predita por Isaías, referindo-se ao ministério terrestre de Jesus, ao afirmar: O Espírito do Senhor Jeová está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas novas aos mansos: enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura da prisão aos presos; há apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes (Isaías 61:1-2).

O próprio Senhor Jesus Cristo afirmou que a unção mencionada por Isaías se referia a Ele (S. Lucas 4:16-19). Todas as condições especificadas no verso 24 tiveram, portanto, cumprimento perfeito.

A versão clássica da Bíblia do Padre António Pereira de Figueiredo relata, na página 217, volume XV, o seguinte: As setenta semanas são sem dúvida centenas de anos (490 anos), pois era muito comum entre os judeus falar-se em centenas de anos. De sete em sete anos celebravam o ano sabático e cada sete centenas o ano jubilar da redenção. As setenta semanas assinalam de um modo geral um período dentro do qual se realizará a obra do Messias que estará concluída no meio da última semana. Virá então a justiça prometida pelos profetas e aparecerá o Messias. Que esse Messias seja chamado Santo dos Santos (em hebraico Santidade das Santidades) explica-se por dever Ele ser o Sumo-Sacerdote por excelência com o ofício especialíssimo de libertar o mundo do pecado e santificá-lo.

9 comentários:

Vera Lucia Cesar disse...

Todavia Gabriel anunciara ao profeta que, durante esses 490 anos, haveria uma unção do “Santo dos Santos.” Que “Santo dos Santos” é esse que deveria ser ungido antes do encerramento deste período de tempo?

Alguns dizem que isto se refere à unção do Messias; pois, nos dois versos subsequentes, o anjo menciona que um certo número desses anos abrange o Messias, o Príncipe, e o tempo quando o Messias é sacrificado. Deve-se, contudo, ser relembrado que o termo Messias significa “ungido” (Ver At 4:25-26; cp. Sl 2:1-2 e Jo 1:41, incluindo a margem). Além do mais, não encontramos nas Escrituras o termo “Santo dos Santos” sendo aplicado ao Messias. Ieshua é chamado de “Santo de Israel” (Sl 89:18; Is 55:5), “Teu Santo” (Sl 16:10), “Ente Santo” (Lc 1:35), “Teu Santo Servo” (At 4:27). Em harmonia com a predição feita pelo anjo, Ieshua fora ungido como Messias, pois está escrito: “D’us ungiu a Ieshua de Nazaré com o Ruach haKodesh/Espírito Santo e com poder” (At 10:38). Esta unção, que tomara lugar em Seu mikvê, ocorrera em cumprimento do tempo (Lc 3:21-22) para cumprir a predição feita em Daniel 9:25-26. Mas, em lugar algum, a Bíblia Hebraica declara que o Mashiach seria chamado de “Santo dos Santos.”

Vera Lucia Cesar disse...

Além do mais, os termos “Santo de Israel” e “Teu Santo,” mencionados anteriormente, pertencem a uma expressão hebraica diferente dos termos “Santo dos Santos” notados em Daniel 9:24. O termo hebraico ḥӑsîḏ é usado nestes dois textos. Todavia os termos “Santo dos Santos” em Daniel 9:24 aplicam-se a objetos e não a pessoas. Raramente no Tanach os termos qōḏeš qoḏāšîm, “Santo dos Santos,” são aplicados a qualquer outro objeto do que ao “Santo dos Santos” no santuário. Possivelmente, uma ou duas vezes, esta expressão, qōḏeš qoḏāšîm, pode ser usada para coisas sagradas, mas o termo não é aplicado a uma pessoa. É essencial ter isso em mente.

É bem verdade que a Bíblia diz que o Mashiach experimentaria duas unções. Uma em Sua imersão, como já mencionamos; a outra trataremos posteriormente. Mas é evidente que a unção do “Santo dos Santos” em Daniel 9:24 não faz referência a descida do Espírito sobre o Tzadik/Justo no tempo quando Ieshua recebera a imersão pelas mãos de João.

A Unção do Santuário

As Escrituras ensinam que quando o santuário no deserto estava sendo preparado para o sacerdócio e os seus serviços, a Moisés fora ordenado a fazer um óleo de unção santo. O propósito específico deste óleo santo era ungir os utensílios do tabernáculo, incluindo os compartimentos Santo e Santo dos Santos, e para a unção dos sacerdotes (vv. 26-30). Ordens estritas foram dadas para que sobre nenhuma carne humana fosse derramado este óleo santo, salvo, unicamente, os sacerdotes e os utensílios do santuário (vv. 31-33). Violar isso significava ser cortado.

Vera Lucia Cesar disse...

Novamente, quando ao profeta de Israel fora ordenado a edificar o tabernáculo, a Moisés fora exortado:

“E tomarás o óleo da unção, e ungirás o tabernáculo e tudo o que nele está, e o consagrarás com todos os seus pertences; e será santo. … Vestirás Arão das vestes sagradas, e o ungirás, e o consagrarás para que me oficie como sacerdote. Também farás chegar seus filhos, … e os ungirás, … para que me oficiem como sacerdotes” (Ex 40:9-15).

Quando Moisés terminara a edificação do tabernáculo, a ele fora ordenado dedicar o santuário e consagrar os sacerdotes antes que Arão e seus filhos iniciarem seus ofícios sagrados. O registro desta dedicação e deste serviço de consagração é encontrado em Levítico 8. Um chamado fora feito para a congregação reunir-se à porta do santuário a fim de testemunhar esta cerimônia solene e sagrada (vv. 3-5). Moisés atentara ao povo que ele estava realizando este serviço sob a ordem de Deus (v. 5).

Vera Lucia Cesar disse...

Arão e seu filhos foram lavados com água da bacia. Eles foram, então, vestidos com vestes sagradas (vv. 6-9, 13). O óleo sagrado da unção fora, então, aplicado ao santuário e seus utensílios. Todas as partes do tabernáculo foram ungidas, incluindo os utensílios no Santo dos Santos (Lv 8:10-11; Ex 30:26-28). Após o tabernáculo e seus utensílios, incluindo o Santo e o Santo dos Santos, serem ungidos, o óleo sagrado da unção fora derramado sobre os sacerdotes, sobre Arão e seus filhos (Lv 8:12; Ex 30:30). Esta unção do Sumo Sacerdote fora tão completa que, séculos depois, o salmista fizera referência a ela, como a seguir:

“Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes” (Sl 133:2).

Dedicação e Serviços de Consagração

Setes dias eram dedicados a esses serviços solenes e sagrados; pois está escrito:

“Também da porta da tenda da congregação não saireis por sete dias, até ao dia em que se cumprirem os dias da vossa consagração; porquanto por sete dias o SENHOR vos consagrará” (Lv 8:33).

Além disso, a ninguém que estivesse associado com o serviço do santuário era permitido engajar-se em quaisquer ocupações durante esses dias de dedicação e consagração. O registro declara:

“Ficareis, pois, à porta da tenda da congregação dia e noite, por sete dias, e observareis as prescrições do SENHOR, para que não morrais; porque assim me foi ordenado. E Arão e seus filhos fizeram todas as coisas que o SENHOR ordenara por intermédio de Moisés” (vv. 35-36).

Vera Lucia Cesar disse...

Que os compartimentos Santo e “Santo dos Santos” do santuário foram ungidos e santificados, é confirmado por um testemunho posterior:

“No dia em que Moisés acabou de levantar o tabernáculo, e o ungiu, e o consagrou e todos os seus utensílios, bem como o altar e todos os seus pertences” (Nm 7:1).

Assim fica claro que cada parte do santuário era preparada, dedicada e consagrada com o óleo de unção sagrado. Mas o ministério do santuário pelos sacerdotes não poderia iniciar até que o tabernáculo e os sacerdotes tivessem sido consagrados para este sagrado serviço. Essa dedicação da estrutura sagrada era necessária antes que o serviço sacerdotal pudesse nela ser efetivado. Após a conclusão deste serviço sagrado, Arão e seus filhos estavam preparados para levar adiante o ministério da reconciliação com os sacrifícios no compartimento Santo (Lv 9:4,6,22-23). D’us aprovara a dedicação do santuário e a consagração ao sacerdócio. O serviço do santuário fora, então, iniciado.

O Antítipo “Santo dos Santos” Ungido

Durante o período de 457 A.E.C a 34 E.C., que abrangia os 490 anos anunciados pelo Anjo Gabriel, não havia santuário na terra ungido, nem havia qualquer dedicação ou consagração de um sacerdócio ao ofício sagrado do ministério sacerdotal. É bem verdade que os israelitas retornaram do exílio babilônico e engajaram-se novamente na adoração a D’us por oferecerem sacrifícios após o decreto de Artaxerxes (Ed 7:10-27). Mas o sacerdócio araônico já existia há mais de mil anos. D’us prometera ao povo judeu que ao término dos setenta anos de seu cativeiro eles retornariam à terra de seus pais (Jr 29:10-14). Mas sua restauração a Palestina e sua renovação do sistema sacrificial no templo estavam além de uma continuação do ministério sacerdotal que estivera ativo por muitos séculos antes a seu exílio na Babilônia, cujo ministério cessara por causa da destruição do templo, devido a suas práticas pecaminosas (2 Cr 36:14-21).

Vera Lucia Cesar disse...

Entretanto, Ieshua, após completar a Sua obra na terra, fora levado ao céu para aparecer na presença de D’us como sumo sacerdote e intercessor do homem. Ele ascendera como ministro no santuário que o Adonai erigiu, não o homem (Hb 8:2). Antes dele engajar-se nesse ministério sacerdotal no céu, necessitava, ali, haver uma dedicação do santuário celestial e uma consagração do sacerdócio desse santuário (Hb 9:11-28). Ieshua ascendera ao céu 40 dias após a Sua ressurreição (At 1:3). De acordo com o anúncio do Anjo Gabriel, registrado em Daniel 9:25-27, Ieshua deveria ministrar por três anos e meio na terra após tornar-se o Messias. Sua unção messiânica ocorrera em Suma imersão em outubro de 27 E.C. Ele ministrara entre os homens por três anos e meio após sua imersão e, então, morrera como o Cordeiro de D’us. Portanto, Sua ascensão ocorrera três anos e meio antes do término dos 490 anos. É o Santo dos Santos do Santuário Celestial que Gabriel declarara que deveria ser ungido durante os 490 anos.

Por F.C. Gilbert (1867-1847), um judeu nascido em Londres, em 1889 se tornou um judeu-adventista. Por meio século, F. C. Gilbert atuou como secretário no Departamento Judaico da Associação Geral, onde pleiteou a favor dos Judeus. Gilbert escreveu muitos artigos na Review and Herald, na Ministry Magazine e muitos folhetos para companheiros judeus. Da época de Gilbert até os dias de hoje, a denominação tem publicado uma revista especial para os Judeus, agora chamada de Shabat Shalom. Também escreveu diversos livros, como From Judaism to Cristianity (A Hebrew Christian) – An autobiography e The Jewish Problem

Tradução Hugo Martins, ligeiramente contextualizado por Herança Judaica.

[1] O Santuário portátil que foi erigido no deserto e acompanhou os israelitas em suas perambulações após o Êxodo…tinha como modelo o santuário celestial. Seu traçado simbolizava a Criação, a estrutura do cosmo e a história futura do povo de Israel até a Idade Messiânica. Dicionário Judaico de Lendas e Tradições, Jorge Zahar Editor.

Vera Lucia Cesar disse...

O anjo Gabriel disse ao profeta Daniel que uma das dez coisas que teria lugar durante a profecia dos 490 anos "foi a unção do santíssimo.
O única vez que o "santo dos santos" do santuário terrestre foi ungido foi quando foi dedicado. ( Ex 30:25-28; Lev 08:10;.. Num 07:1).
O santuário foi reerguido sobre a terra entre 457 aC e 34 dC. Esta unção mencionado pelo anjo Gabriel não poderia se aplicar a um santuário na terra.
Nosso Salvador subiu ao céu após a Sua ressurreição, entre o Páscoa e Pentecostes, em 31 A D.
QUE SANTUÁRIO É ESSE?
O Santuário do Deserto já havia desaparecido muito tempo.
O Templo de Salomão também já havia sido destruído quando Daniel foi levado cativo para Babilônia.
O Templo de Herodes, segundo a profecia de Daniel 9:26 seria destruído no ano 70 por um príncipe que há de vir.
Qual o Santuário mencionado em Daniel 9:24? O SANTUÁRIO CELESTIAL.
O que significa essa unção do santo dos santos no santuário celestial?
No antigo testamento o santuário e os templos eram ungidos para inaugurar os rituais que eram iniciados dentro deles. Exodo 40:9
Essa profecia está indicando um tempo em que o santuário celestial seria ungido no futuro. Quando isso ocorreu? Daniel 9:24 no diz que foi no ano 31. Uma obra nova e especial foi iniciada ali, quando Jesus se tornou nosso grande sumo sacerdote no santuário celestial após seu retorno da terra.
Foi necessário, pois, que Cristo fosse ungido e consagrado antes que Ele começasse Sua obra no Céu como Sumo Sacerdote? Heb. 1:8, 9, Sl. 45:6,7; Heb. 07:28. Esses versos da Bíblia dizem que sim.
Antes que nosso Senhor pudesse entrar para iniciar a sua obra como Sumo Sacerdote no céu, o santuário celeste deve ser ungido. O anjo Gabriel previu a unção do santuário celestial.
Sobre a inauguração do ministério de Cristo no santuário celestial, apresentamos a seguir os textos de Ellen White em Atos dos Apóstolos:
" A ascensão de Cristo ao Céu foi, para Seus seguidores, um sinal de que estavam para receber a bênção prometida. Por ela deviam esperar antes de iniciarem a obra que lhes fora ordenada. Ao transpor as portas celestiais, foi Jesus entronizado em meio à adoração dos anjos. Tão logo foi esta cerimônia concluída, o Espírito Santo desceu em ricas torrentes sobre os discípulos, e Cristo foi de fato glorificado com aquela glória que tinha com o Pai desde toda a eternidade. O derramamento pentecostal foi uma comunicação do Céu de que a confirmação do Redentor havia sido feita. De conformidade com Sua promessa, Jesus enviara do Céu o Espírito Santo sobre Seus seguidores, em sinal de que Ele, como Sacerdote e Rei, recebera todo o poder no Céu e na Terra, tornando-Se o Ungido sobre Seu povo ". Páginas 38, 39.

Vera Lucia Cesar disse...

“Tomou Moisés também do azeite da unção, e do sangue que estava sobre o altar, e o espargiu sobre Arão e sobre as suas vestes, e sobre os seus filhos, e sobre as vestes de seus filhos com ele; e santificou a Arão e as suas vestes, e seus filhos, e as vestes de seus filhos com ele.” Levítico 8:30
E A UNÇÃO DO SACERDOTE DO CÉU, O NOSSO SENHOR JESUS, FOI FEITA TAMBÉM COM O SANGUE?
"Mantendo ainda a humanidade, Cristo subiu ao Céu, triunfante e vitorioso. Levou o sangue da expiação para o santíssimo, aspergiu-o sobre o propiciatório e sobre os Seus próprios vestidos, e abençoou o povo." Ellen White, Signs of the Times, 19.4.1905.
“Por isso também o primeiro não foi consagrado sem sangue;” Hebreus 9:18

Vera Lucia Cesar disse...

"Em Daniel 9, Jesus derrama seu sangue, e este sangue é usado para ungir o “santo dos santos”- o Santuário Celestial.
...Ele está lá ministrando em nosso favor, com o sangue que derramou por nós." (1844 Uma Explicação Simples das Principais Profecias de Daniel).

"A Bíblia conhece apenas um outro Templo para a obra do Verdeiro Deus: o Templo Celestial...Foi esse Templo que entrou em uma nova fase de operação com a ascensão de Jesus ao céu para se tornar nosso sumo sacerdote. Esse foi então o Santuário a ser UNGIDO no tempo em que a profecia de Daniel 9:24 chegou ao seu fim; e então ele foi dedicado por ocasião da ascensão de Jesus em 31 D.C." (Pastor William M. Shea Interpretação Profética pág.152)