7 de fevereiro de 2011

A SEXTA IGREJA DO APOCALIPSE

A 45 quilómetros a este de Sardes, localizava-se Filadélfia. Tal como Tiatira, estava situada numa ampla colina, entre dois férteis vales. Vindo de um dos vales entrava-se na cidade por um dos portões – uma “porta aberta” – através das montanhas que ficavam a leste, contribuindo consideravelmente para o sucesso comercial e influência cultural de Filadélfia. A exemplo do que acontecia com as outras cidades da lista (as sete igrejas do Apocalipse), de tempos em tempos Filadélfia era sacudida por terramotos. Parece que os seus habitantes se sentiram particularmente assustados depois de um desses terramotos, vivendo nos campos fora da cidade em cabanas e barracas durante um longo período com receio de tremores ou réplicas.
1. Que mensagem é dada a esta Igreja?
Rª: “E, ao anjo da igreja que está em Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de David; o que abre e ninguém fecha; e fecha e ninguém abre: Eu sei as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome.” Apocalipse 3:7,8.
Nota explicativa: “Filadélfia” significa “amor fraternal”. Este é um bonito nome que lhe foi dado pelo rei Átalo II Filadelfo (159-138 a.C.,) de Pérgano, em memória do seu irmão mais velho, o rei Eumenes II.
Quando se faz a aplicação histórica, considera-se que a mensagem a Filadélfia é apropriada para os diversos movimentos que se sucederam dentro do protestantismo desde o século XVIII e a primeira parte do século XIX, cujo o principal objectivo era tornar a religião um assunto vital e pessoal. Pensemos nos grandes movimentos evangélicos e no movimento adventista da Europa e Estados Unidos, a restauração do espírito de amor fraternal evidenciando a piedade prática, contrastando com as formas vazias e formais da religião tradicional.
Nesta nota queremos realçar também no v.8 “uma porta aberta”, no versículo anterior diz que Cristo tem a chave de David, e o v.8 pode sugerir que com essa “chave” abre a ante a igreja de Filadélfia uma “porta” de oportunidades ilimitadas para a vitória pessoal na luta contra o pecado e para dar testemunho da Verdade salvadora do Evangelho. De modo similar se usa uma “porta” como símbolo da oportunidade em Actos 14:27; 1ª Coríntios 16:9; 2ª Coríntios 2:12; Colossenses 4:3.
Os Adventistas do Sétimo Dia defendem que o fim do período de Filadélfia (1844) assinala o começo do juízo investigativo descrito em Daniel 7:10; Apocalipse 14:6-7. Cristo nosso Sumo Sacerdote (Heb. 4:14,15; 8:1) ministra no santuário celestial, “ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, que o Senhor fundou, e não o homem” Hebreus 8:2. Então, o ritual no santuário terrestre consistia essencialmente em duas partes: o lugar santo, no serviço de ministrar diariamente pelo pecado; e o lugar santíssimo, o serviço anual no dia da expiação, que era considerado como o dia do juízo (Heb. 9:1, 6,7 ver Dan. 8:11,14). É nesta perspectiva que o santuário terrestre servia como “figura e sombra das coisas futuras” (Heb. 8:5), é razoável concluir que os serviços diários e anuais deste santuário têm a sua equivalência no ministério de Cristo no Santuário celeste. Falando em termos simbólicos do santuário terrestre – “figura do verdadeiro” -, pode afirmar-se que o dia da verdadeira expiação que começou em 1844, o nosso Sumo Sacerdote deixou o lugar santo do santuário celeste (o pátio é representado pela terra onde Jesus sofreu o sacrifício à semelhança do cordeiro que era imolado no pátio) e entrou no lugar santíssimo. Portanto, a “porta fechada” seria a do lugar santo do santuário celestial, e a “porta aberta”, a do lugar santíssimo”, onde Cristo desde essa altura tem ministrado na obra do grande dia na verdadeira expiação. Por outras palavras: a “porta fechada” indica o término da primeira fase do ministério celestial de Cristo, e a “posta aberta”, o começo da segunda fase.
2. Que exortação encontramos da parte de Cristo?
Rª: “Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus e não são, mas mentem; eis que eu farei que venham, e adorem, prostrados aos teus pés, e saibam que eu te amo. Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há-de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra.” Apocalipse 3:9,10.
Nota explicativa: “guardarei da hora da tentação”, não se trata de um período específico ou profético, antes um “tempo”, ou “hora” usa-se aqui o mesmo sentido que em 3:3. Em harmonia com as repetidas referências no Apocalipse à iminência do regresso de Cristo (ver cap. 1:1), sem dúvida é uma referência a um longo período de prova que antecede a segunda vinda. Outra expressão similar é “os que habitam na terra.” Está em relação com (6:10; 8:13; 11:10; 13:8,14; 17:2,8) usam-se uma e outra vez no Apocalipse para referir-se aos ímpios, sobre os quais serão derramados os castigos divinos. Há um realce significativo aos fiéis pelo facto de guardarem a Palavra de a terem em alta estima e particularmente no coração. Seguramente, o total despojamento da parte dos fiéis na perspectiva da volta de Jesus.
3. Os crentes manifestam uma grande impaciência, anseiam pelo encontro com o Salvador. Que lhes diz Cristo?
Rª: “Eis que venho, sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.” Apocalipse 3:11.
Nota explicativa: há nestas palavras um tom de amor, como da noiva que nutre um enorme anseio que o noivo chegue e este exclama “já não falta muito!”. É um renovar da aliança, das promessas, estas palavras lembram o Salmo 23. Os inimigos já são dificilmente suportados e eles reconhecem “que eu te amo” (3:9, cf. Salmo 23:5). A reciprocidade do amor é realçado pelas pelos dois verbos “guarda o que tens”, guardar e ter, por isso “eu te guardarei” (3:10). É a fórmula da aliança dos profetas: “Tu serás meu povo e eu serei o teu Deus” (Deut. 6:7; Jer. 24:7; 30:22; 31:33; 32:38; Ezeq. 36:28, etc.)
4. Como termina esta carta a Filadélfia?
Rª: “A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” Apocalipse 3:12,13.
Nota conclusiva: “o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus”, v. 12. É também a declaração do amor do livro Cantares “o meu amado é meu, e eu sou d´Ele” (Cant. 2:16; 6:3; 7:11). E esta relação de amor exclusivo e refrescante é evidenciado no próprio nome dos membros da igreja de Filadélfia, “amor”, assim como a cidade recebeu o nome do seu amado, os crentes desta igreja recebem o nome do seu Deus que se confunde com o da Nova Jerusalém que desce do Céu. Há muito mais a dizer neste texto; há o carácter da igreja que se confunde com o carácter de Deus, ou sim, a imagem do Criador será plenamente restaurado em todos os filhos fiéis do amado Senhor. Esta linguagem figurada também deve entender-se com o que implica nos santos que por amor venceram, por amor foram vitoriosos e por isso serão plenamente e finalmente possessão de Deus.
Amo muito este período, oro para que esta fidelidade contagie os fiéis da última igreja, a de Laodiceia. Amem.

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