7 de janeiro de 2010

TERCEIRO ANJO APOCALIPSE: O FILHO DO HOMEM


Estimados amigos antes de entrar no estudo do terceiro anjo, sou obrigado a tratar da conclusão da mensagem deste anjo. Certamente já repararam, estes estudos têm carácter teológico, não tanto pastoral. Estamos a ser fiéis à mensagem original do Apocalipse. Se você é crente Adventista ficará surpreendido, se é evangélico, ficará ainda mais chocado, porque nem um nem outro, alguma vez viram este assunto ser tratado sem fundo partidário. Isto é o que estamos fazendo neste estudo, entendeu?
Também devo pedir desculpa, por tão raras vezes postar temas neste blogue, creio que você entenderá, tenho o meu trabalho pastoral e sustento muitos outros blogues muito menos exigentes que este. Confesso, não sei quantas entradas tem este blogue, desactivei o analitic, comecei a sentir um pouco de presunção, entravam mais de 300 pessoas por dia. Por essa razão desactivei e estou a colocar menos material. Estou convencido que agora entrarão menos pessoas, o que desejo é que entrem só os interessados por estes temas e não curiosos, eu não quero curiosos nestes blog, para isso há muitos outros. Aceite estas palavras com carinho na esperança de nos encontrarmos no Céu. Agiram vamos entrar no tema, vamos lá.
O profeta do Apocalipse começou a sua série de sete sinais sobre as visões no céu com uma mulher vestida do sol … “E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça.” (Ap. 12:1) de sol e tendo a lua debaixo dos seus pés e tinha na sua cabeça uma corroa com doze estrelas. Presentemente o olhar profético fecha o circulo e para sobre a visão do Filho do Homem no céu... “E olhei, e eis uma nuvem branca, e assentado sobre a nuvem um semelhante a filho de homem, que tinha sobre a cabeça uma coroa de ouro, e na mão uma foice afiada.” (Ap. 14:14) envolvido numa nuvem branca e a Sua cabeça tem uma coroa de ouro. A visão do Filho do homem responde à visão da mulher.
A vinda de Jesus Cristo que surge do fundo das nuvens para, finalmente, tomar posse do governo da terra, como numa resposta ao suspiro da mulher exilada no deserto e que tem como sonho e por este sonho vive a vinda do Esposo.
Esta última visão concentra de facto todas as esperanças cristãs. Não foi por acaso que os primeiros cristãos se saudavam Maran Atha, “O Senhor vem”. O verbo em aramaico atha é precisamente o verbo que no texto de Daniel 7 descreve a vinda do Filho do homem (Daniel 7:13).
É o fim. Este último evento marca o fim de todas as esperas. Para compreender esta mensagem do “fim”, o profeta Amos tinha no seu tempo recebido a visão de um cesto com frutos maduros (Amos 8:2). E a ideia de maturidade e de fim da estação passava por um jogo de palavras. Em hebraico, a palavra “fim” (qetz) mistura-se nos sons da palavra “fruto” (qaytz).
Para os profetas do Antigo Testamento, o fim não trata unicamente de uma paragem trágica, depois da qual não há mais nada. O fim é também portador de novos horizontes. O fim é também esperança. Para ilustrar esta ambivalência do fim, os profetas utilizaram a metáfora da colheita (Joel 4:13). Porque a ceifa implica ao mesmo tempo na violência do corte e a recolha da ceara. Ela sugere simultaneamente a morte e a vida.
O profeta do Apocalipse retoma esta imagem da colheita para evocar o fim (Apocalipse 14:14-19). Mas para tornar mais rica a ideia de ambivalência do fim, o Apocalipse descreve-a sob a forma de duas colheitas que eram comuns na vida agrícola da Palestina na época: a colheita dos grãos na Primavera e as vindimas no Outono.
A colheita do grão representa o “ajuntar” (v.18) dos fiéis (Ap. 14:12-16). A imagem situa-se na linha das primícias. Trata-se “das primícias de Deus” (Ap. 14:4). Esta colheita está directamente associada ao Filho do homem. Porque é a Sua obra, e é do Seu reino que se trata.
A visão do Apocalipse alia-se aqui à visão do profeta Daniel. Também, neste caso, o julgamento é dado como o último acontecimento da história humana na perspectiva da vinda do Filho do homem. No capítulo 7 de Daniel, o Filho do homem estava directamente implicado no processo do julgamento. Ele surge e intervém juntamente com o “Anciãos de Dias”, antes de receber o reino e o domínio (Daniel 7:13,14; cf. 7:26,27).
O texto do Apocalipse segue o mesmo desenvolvimento. Antes de significar a parousia, a volta de Cristo, a vinda do Filho do homem concerne em primeiro lugar o julgamento que separa e une todos aqueles que foram considerados justos. É aqui um julgamento positivo pronunciado em favor dos acusados de (Daniel 7:22, quando tratarmos o livro de Daniel, falaremos com mais detalhes deste assunto). A ceifa traz uma mensagem de vida. A escolha do termo grego para traduzir a ideia de colheita (therismos, therizô) é muito significativo. Esta palavra aplica-se especificamente à recolha ao ajuntar as espigas e não a cortá-las como seria o caso se se quisesse evocar o castigo dos inimigos ou a perdição eterna. Estes grãos recolhidos são grãos da promessa de pão, significa a segurança que finalmente chegou o fim e o destino eterno.
Por outro lado, a colheita das uvas representa o castigo dos infiéis. Neste caso, o ceifeiro é associado ao fogo (Apocalipse 14:18) que, como em Daniel 7, é o instrumento do julgamento negativo (Daniel 7:11). No suporte desta ideia, está o anjo que executa o julgamento saindo do altar onde se tinha ouvido a voz dos mártires de Deus (Ap. 6:9; cf. 8:3-5). Este julgamento dá-se também como um acto de justiça que vinga as vítimas; é a manifestação da cólera de Deus (Ap. 14:19). A ceifa traz em si mesma uma mensagem de morte. Os cachos esmagados de forma violenta provocam que o sumo (suco) ou vinho vermelho saia com a cor do sangue que corre (veja Isaías 63:1-6; Lam. 1:15). O profeta interpreta ao receber a visão ele próprio faz esta interpretação. É o sangue que ele vê correr do lagar (Ap. 14:20), a imagem prolonga-se ao ponto de evocar o campo de batalha com os cavalos caídos no sangue.
O objectivo desta imagem não é a de provocar medo, mas antes de tudo de trazer confiança. É a boa nova da vitória final que é aqui proclamada. A imagem motiva fortes esperanças.
A violência que fará tremer os últimos momentos da história é incrível. Para salvar, Deus é obrigado a confrontar-se com o Seu inimigo. É obrigado de combater e de bater para resgatar as suas ovelhas das garras do leão feroz, e, por fim, redireccionar a história na boa direcção, a direcção da vida e da justiça.
Termino esta reflexão com um AMÉM.

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