29 de setembro de 2009

APOCALIPSE: GOGUE E MAGOGUE

“E sairá a enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, a fim de ajuntá-las para a batalha.” (Ap. 20:8)
Deus inspira respeito sobre os salvos durante os mil anos, no final dos quais executará o castigo em que a morte encontra o seu fim definitivo. Este acontecimento poderia muito bem ter tido lugar aquando da parousia (da Segunda Vinda de Jesus), Deus por esta altura já tinha todos os dados. Os seres celestes (não caídos) tinham visto os efeitos da rebelião de Satanás e dos anjos que com ele se coligaram. O juízo de instrução ou investigação já se tinha realizado e a sentença poderia perfeitamente ser pronunciada. Mas Deus quer antes dessa sentença consultar os resgatados, Deus quer que eles analisem as razões que O levaram a pronunciar o juízo executivo. Deste modo, Deus no Seu plano eterno, pretende que os salvos façam parte do juízo apreciativo. Será assim que a página da história do homem e dos seres em rebelião será para sempre fechada.
“No final dos mil anos, Cristo volta novamente à Terra. É acompanhado pelo exército dos remidos, e seguido por um cortejo de anjos. Descendo com grande majestade, ordena aos ímpios mortos que ressuscitem para receber a condenação. Surgem estes como um grande exército, inumerável como a areia do mar Que contraste com aqueles que ressurgiram na primeira ressurreição! Os justos estavam revestidos de imortal juventude e beleza…Jesus Cristo (com os resgatados de todas as épocas) desce sobre o Monte das Oliveiras, donde, depois da Sua ressurreição, ascendeu, e onde anjos repetiram a promessa da sua vinda (Act. 1:9-11). Diz o profeta: ´Virá o Senhor meu Deus, e todos os santos contigo. ´E naquele dia estarão os Seus pés sobre o Monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o Oriente; e o Monte da Oliveiras será fendido pelo meio, …e haverá um vale muito grande´ (Zac. 14:5,4,9)” Grande Conflito, p. 531.
No final dos mil anos, os outros mortos que não ressuscitaram na 2ª Vinda de Jesus, voltarão à vida. O profeta João vê uma grande multidão, “cujo número é como a areia do mar”, estas palavras resultam da afirmação anterior “quatro cantos da terra,” (Ap. 20:8). Os ímpios saem das sepulturas tal como a elas baixaram, com a mesma inimizade contra Cristo, e com o mesmo espírito de rebelião. É nesta altura que “Satanás será solto da sua prisão” (Ap. 20:7), entra de novo em cena, a sua intenção é clara “e sairá a seduzir as nações” (Ap. 20:8). A ressurreição dos ímpios permite a Satanás de retomar a sua actividade: “…prepara-se para a última e grande luta pela supremacia. Enquanto despojado do seu poder e separado da sua obra de engano (a terra não foi habitada durante os mil anos), o príncipe do mal achava-se infeliz e abatido; mas, sendo ressuscitados os ímpios mortos, e vendo ele as vastas multidões a seu lado, revivem-lhe as esperanças, e decidem-se a não se render no grande conflito. … e declaram que o exército dentro da cidade é pequeno em comparação com o seu, podendo ser vencido. Formulam os seus planos para tomar posse das riquezas e glórias da Nova Jerusalém. Todos imediatamente começam a preparar-se para a batalha…é dada a ordem de avançar põe-se em movimento – exército tal como nunca foi constituído por conquistadores terrestres…Satanás, o mais forte dos guerreiros, toma a dianteira, e os seus anjos unem as forças para esta luta final.” (C.S., ps. 531-533).
Este cenário lembra o Armagedão; aqui também, é apresentado a reunião de grandes multidões na perspectiva de um grande conflito, e também, os exércitos inimigos são lançados num lago de fogo (Ap. 19:20, cf. 20:10,13,14). E por fim, o lugar da batalha recebe em hebraico, “Gogue e Magogue”, que está ligado à história de Israel (Ezequiel 38:2).
Enquanto que a batalha do Armagedão opunha Israel ao seu inimigo tradicional, Babilónia, esta de Gogue e Magogue atrai um exército de inimigos indefinidos, a única motivação é a de destruir gratuitamente um reino de paz (Ezequiel 38:11).
Na batalha do Armagedão, os exércitos de Babel opõe-se contra a vinda do Salvador que vem do Oriente (Ap. 16:14,15) e a estratégia resume-se a secar o rio Eufrates. O inimigo ainda estava longe de Jerusalém.
A batalha de Gogue e Magogue, ao contrário, as armadas do dragão estão a ponto de entrar “no acampamento dos santos e a cidade querida” (Ap. 20:9). Armagedão diz respeito aos “reis da terra” sob a tripla direcção da besta, do falso profeta e do dragão. O evento de Gogue e Magogue arrasta “todas as nações, dos quatro cantos da terra” (Ap. 20:8), de facto o único comandante é o dragão.
O inimigo de Deus têm por objectivo “o trono branco” ou o monte “har” e ele e os seus companheiros terminam no vale ou “lago” (Ap. 20:10). Por esta altura e à “ordem de Jesus são fechadas as portas da Nova Jerusalém, e os exércitos de Satanás rodeiam a cidade, preparando-se para o assalto” (C.S.p. 533). Deus que reteve o fogo permite agora que desça do céu em reacção às forças da terra: “E a morte e o hades foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E todo aquele que não foi achado inscrito no livro da vida, foi lançado no lago de fogo. (Ap. 20:14,15).
Na linguagem simbólica do Apocalipse, “Gogue e Magogue” significa a multidão das nações, os goyim, querendo dizer, na terminologia judaica antiga, todos os que são estrangeiros à aliança com o Deus de Israel.
Amigo/a, admire a beleza como termina o mal, o pecado, o sofrimento e a morte: “Agora Jesus Cristo de novo aparece à vista dos Seus inimigos. Muito acima da cidade, sobre um fundamento de ouro polido, está um trono, alto e sublime. Sobre este trono assenta-Se o Filho de Deus, e em redor d´Ele estão os súbditos do Seu reino. O poder e majestade de Cristo nenhuma língua os pode descrever, nem pena alguma retratar. A glória do Pai Eterno envolve o Seu Filho. O resplendor da Sua presença enche a cidade de Deus e estende-se para além das portas, inundando a Terra inteira com o seu fulgor.”
“O meu povo habitará em morada de paz, em moradas bem seguras, e em lugares quietos de descanso.” (Isaías 32:18, cf. 60:18; 65:21,22).
“Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.” (Mat. 5:5).
Cristo disse que Ele era “manso” (praús) e humilde de coração (Mat. 11:28) e por isso todos os que estão cansados, podem encontrar no Senhor descanso para a sua alma. A mansidão é uma atitude do coração, da mente e da vida, que prepara o caminho da santificação. Aos olhos de Deus a mansidão é de grande valor (1ª Pedro 3:4). É verdade que não são os mansos que agora possuem a terra, mas os orgulhosos. No entanto, em devido tempo a Terra tal como era antes do pecado, o paraíso original será entregue aos mansos.
Quer unir-se a Jesus e aprender com Ele a ser manso? Decida hoje, tudo é decisão sua. Deus o abençoe.

28 de setembro de 2009

APOCALIPSE: A MORTE DA MORTE

“E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiram a terra e o céu; e não foi achado lugar para eles.” (Ap. 20:11)

A visão de “um grande trono branco” dá realce ao significado do “cavalo branco “ que introduz este ciclo. A vitória do Guerreiro leva-nos ao trono. Perante a sua magnificência “a terra e o céu” afastam-se (fogem), e este vazio estranho leva-nos ao “silêncio” do sétimo selo (Apoc. 8:1). Devemos realçar a forma como são referidos o “céu a terra”, geralmente associados à Criação (Gén. 1:1), ou seja o Universo humano, tudo o que nos é familiar, desapareceu.
Os resgatados do Armagedão que analisaram os livros durante mil anos, compreendem melhor que nunca como Deus tem razão: “E vi os mortos, grandes e pequenos, em pé diante do trono; e abriram-se uns livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida; e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.” (Ap. 20:13). A morte é finalmente banida de forma absoluta, não terá mais lugar, resultante da: “segunda morte” (Ap. 20:14), não haverá mais morte. É ao mesmo a morte da morte. O profeta o diz de uma forma poética, personificando este grande inimigo dos homens: “E a morte e o hades foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo.” (Apoc. 20:14).
Reconhecemos nestas palavras o tom do profeta Oseias e que fizeram também vibrar o Apóstolo Paulo, eis Oséias: “Eu os remirei do poder do Seol, e os resgatarei da morte. Onde estão, ó morte, as tuas pragas? Onde está, ó Seol, a tua destruição? A compaixão está escondida de meus olhos.” (Os. 13:14; cf. 1ª Cor. 15:55).
O carácter total e definitivo deste julgamento de Deus sobre a morte é o mesmo apresentado dado a Gogue e Magogue pelo profeta Ezequiel no seu livro. Segundo esta visão e contrariamente ao Armagedão, os exércitos de Gogue e Magogue não deixarão sobreviventes para os prantear, “E a casa de Israel levará sete meses em sepultá-los”(Ez. 39:12).
No final da batalha só Israel permanece, quer dizer, para o Apocalipse, todos os judeus, mas também os cristãos e todos os que aceitarem a Jesus como Salvador pessoal e acamparem no Arraial de Deus. É necessário frisar que no Apocalipse, Israel é muito mais que uma referencia a uma identidade étnica. Segundo a definição dada pelo Altíssimo neste capítulo, Israel são todos os “que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na fronte nem nas mãos; e reviveram, e reinaram com Cristo durante mil anos.” (Ap. 20: 4). Pode dizer-se, o anjo os identifica numa linguagem muito positiva, “aqueles cuja fronte é marcada com o selo de Deus” (Apoc. 7:2,3), seja os “cento e quarenta e quatro mil de todas as tribos de Israel” (Ap. 7:4).
No Apocalipse, Israel é compreendido num sentido simbólico e espiritual, tem o sentido de designar todos os salvos, os sobreviventes da história humana. É sobre eles que o profeta concentra presentemente toda a sua atenção. Tal como o profeta Ezequiel depois da visão de Gogue e Magogue, o profeta do Apocalipse vê descer do mais alto e do sublime Céu, a bela e luminosa, cheia de vida, a nova Jerusalém (Apoc. 21, 22:5; cf. Ezequiel 40 a 48).
Se ainda não tomou a decisão de visitar a Nova Jerusalém, marque a sua visita, é só entregar a vida a Jesus, Ele é o Senhor desta maravilhosa Cidade, capital do Novo Reino, onde a vida é eterna.
Deus o abençoe.

20 de setembro de 2009

APOCALIPSE: ABERTURA DO 1º SELO, CAVALO BRANCO


“E vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos, e ouvi um dos quatro seres viventes dizer numa voz como de trovão: Vem! Olhei, e eis um cavalo branco; e o que estava montado nele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e saiu vencendo, e para vencer.” (Ap. 6:1-2)
O Cordeiro abre o primeiro selo e surge um cavalo branco, símbolo de conquista e de vitória. Quando em geral um general romano celebrava o seu triunfo, era sobre um cavalo branco que ia adiante de todo o seu exército em Parada (cerimónia militar).
O comentário do profeta confirma o sentido simbólico “…e saiu vencendo, e para vencer” (Ap. 6:2). Também deve ser realçado que o surgimento deste cavalo branco é anunciado pelo primeiro "ser vivente" com rosto de leão (Ap. 4:7); esta imagem messiânica está associada à tribo de Judá e à vitória de Jesus Cristo: “E disse-me um dentre os anciãos: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, venceu para abrir o livro e romper os sete selos.” (Ap. 5:5). Este título “Leão da tribo de Judá”, seguramente está associado a Gén. 49:9. Cristo nasceu da tribo de Judá (ver Mat. 1:2). O leão simboliza a força (Ap. 9.8,17; 10:3; 13:2,5), e Cristo alcançou a vitória no grande conflito contra o mal “vencendo, e para vencer”. É esta vitória que Lhe dá direito a abrir o livro (Ap. 5:7).
Neste texto (Ap. 6:1-2), a palavra vencendo em grego “nikáõ”, vencer, ser vitorioso. Indica directamente o grande conflito contra Satanás. Cristo foi vencedor neste grande conflito. A vitória de Cristo é única, por esta razão mais ninguém pode abrir os selos. Um anjo não poderia tomar o lugar de Cristo, porque o ponto central deste conflito relaciona-se com a integridade do carácter de Deus e que se exprime na Sua lei “Se a lei pudesse ser mudada, ter-se-ia podido salvar o homem sem o sacrifício de Cristo; mas o facto de que foi necessário Cristo dar a vida pela raça caída prova que a lei de Deus não livrará o pecador da sua reivindicação sobre ele. Está demonstrado que o salário do pecado é a morte.” (Patriarcas e Profetas p. 66).
“O próprio facto de que Cristo assumiu a pena da transgressão do homem, é um poderoso argumento a todos os seres criados (homens e anjos), de que a lei é imutável; que Deus é justo, misericordioso, e abnegado; e que a justiça e misericórdia infinitas unem-se na administração do Seu governo.” (Patriarcas e Profetas, p. 66).
Temos ainda, “uma coroa de vitória”, “stephanos” que lhe é dada. No Apocalipse 19, a mesma imagem aparece para representar a vitória de Jesus Cristo: um cavalo branco montado por um cavaleiro coroado (Ap. 19:11-16). Mas a coroa deste cavaleiro, é uma coroa real “diadema”. Mesmo se a imagem do cavalo branco de Apocalipse 6 concerne Jesus em glória, ela não se aplica no entanto à vinda gloriosa de Jesus. Jesus Cristo surge nesta visão vitorioso, porém, ainda não é Rei. É verdade, uma batalha foi ganha, mas a guerra ainda não terminou. No nosso texto, o cavaleiro é apresentado a iniciar o percurso e não a (chegar) entrada triunfal: “saiu”. A história do cristianismo começa, e a conquista do mundo para Cristo tem o seu começo com entusiasmo porque a mensagem é já de vitória, Cristo morreu e ressuscitou. Esta mensagem é uma Boa Nova a ser espalhada por toda a Terra. Este período em termos proféticos situa-nos com a primeira Igreja Cristã e os primeiros cristãos, ou seja o peíodo iniciado com os Apóstolos e que se estenderá até ao perído em que a Igreja Cristão começa a fazer compromissos de mistura do Evangelho Eterno com tradições e conceitos pagãos (do I ao III século).
É o tempo em que a Igreja é pura e comprometida na doutrina recebida de Jesus e dos Apóstolos. Não há ambições políticas, há uma motivação: o amor. Um tempo quando o combate tem por argumento a vida e as suas convicções, mas especialmente tendo como referência a vitória de Cristo na Cruz do Calvário.
É muito curioso, a vitória que é apresentada neste texto não está associada a guerras ou a massacres. Não é uma vitória alcançada através de combates e de estratégias. A coroa da vitória “stephanos” é “dada” (Ap. 6:2). É uma graça do Alto. O cavaleiro tem um arco mas nenhuma flecha é mencionada. O arco não é utilizado. A vitória é o resultado do testemunho e da conduta. É uma conquista pacífica. No entanto, o Apóstolo Paulo já pôde dizer no ano 62 da nossa era o seguinte: “Se é que permaneceis na fé, fundados e firmes, não vos deixando apartar da esperança do evangelho que ouvistes, e que foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, fui constituído ministro.” (Col. 1:23).

17 de setembro de 2009

APOCALIPSE: ABERTURA DO 2º SELO, O CAVALO VERMELHO

“E saiu outro cavalo, um cavalo vermelho; e ao que estava montado nele foi dado que tirasse a paz da terra, de modo que os homens se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada.” (Ap. 6:4).
A abertura do segundo selo, o cavalo que aparece tem a cor vermelha. A sua aparição é anunciada pelo segundo ser vivente de rosto de bezerro (boi). O cavaleiro que aparece montado sobre este cavalo tem por objectivo: “tirar a paz da terra” (Ap.6:4). Os homens matam-se uns aos ouros. O cavaleiro caracteriza-se por ter “uma grande espada” (Ap. 6:4).
A segunda etapa que é revelada a João por Jesus é caracterizada por uma mudança na história do cristianismo. Passa-se da paz para a guerra. Não se trata de perseguição, mas antes de matança indiscriminada. Tudo neste texto aponta para este cenário. A cor vermelha do cavalo sugere o sangue que é derramado (ver 2ª Reis 3:22); o vitelo é uma evocação ao açougue/matadouro (Lucas 15:27); e é sobretudo a grande espada que anuncia a guerra. A própria palavra machaira é encontra num livro hebraico escrito entre 162-130 antes de Cristo e é conhecido como o livro de Enoque, aí uma “grande espada” é dada a Israel para combater os infiéis e matá-los (2 Enoque 90:19).
É o tempo quando a Igreja bate-se pela supremacia politica, o tempo da Igreja imperial do IV ao V século. É o tempo das guerras cristãs arianas e católicas. Pela primeira vez, os imperadores emprestam o seu apoio politico e militar à Igreja. O imperador romano Constantino (306-337 d.C.) e, nesta sequencia surge o imperador franco Clóvis (481-511 d. C.) que guerreiam em favor da Igreja. É o tempo descrito por Jules Isaac quando: “A Igreja cristã, passa da qualidade de perseguida a perseguidora, eleva-se como Igreja ao nível vitorioso e em breve se torna Igreja oficial do Estado” Isaac, Genèse de l`Antisémistisme, p. 133.
O 2º selo no contexto profético revela uma mudança significativa de um cristianismo puro, vivido tal como foi recebido das mãos de Jesus e dos Apóstolos para uma outra coisa, ou seja, os cristãos tinham testemunhado a sua fé por todo o Império Romano. Habitavam ainda nas grutas, mas também em casas nobres e no Palácio do Imperador Romano. Agora são uma força reconhecida pelo Estado e perdem a visão da missão evangélica para se tornarem uma força política e militar a qualquer preço.
Apoiados pelo poder temporal já não levam o pão salvador ao pagão, levam-lhe "a grande espada" (Ap. 6:4) e obrigam-no a aderir a uma forma de cristianismo. Ao cristão que reclama a vivência genuína é lhe tirada a vida com a "comprida espada" que está agora a substituir a "... a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração." (Heb. 4:12). Na Palavra "espada" de Deus há poder para transformar pecadores em santos.
Se o cavalo branco representa a pureza da fé (Ap. 6:2) concluímos que o cavalo vermelho deve considerar-se a corrupção da fé pela introdução não só da perseguição mas também de heresias e quando os cristão que chamam a atenção para a necessidade de viver a antiga vida de Cristo são eles também perseguidos e mortos, perde-se o amor e assume-se a intolerância.
Não há cavalos vermelhos e este é apresentado nesta cor por ter seguido um caminho de identificação com aqueles que se salpicaram com o Sangue do Inocente Filho de Deus: “Saulo, porém, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote, e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, caso encontrasse alguns do Caminho, quer homens quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém. Mas, seguindo ele viagem e aproximando-se de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu; e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? Respondeu o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; mas levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te cumpre fazer. Os homens que viajavam com ele quedaram-se emudecidos, ouvindo, na verdade, a voz, mas não vendo ninguém.” (Actos 9:3-7)

Em seguida o leitor pode ler este extracto retirado da wikipedia e se desejar mais informação sobre este assunto no final encontra o endereço.
Deus o abençoe em Jesus.

Religião
O fato de Constantino ser um imperador de legitimidade duvidosa foi algo que sempre influiu nas suas preocupações religiosas e ideológicas: enquanto esteve diretamente ligado a Maximiano, ele apresentou-se como o protegido de Hércules, deus que havia sido apresentado como padroeiro de Maximiano na primeira Tetrarquia; ao romper com seu sogro e eliminá-lo, Constantino passou a colocar-se sob a proteção da divindade padroeira dos imperadores-soldados do século anterior, Deus Sol Invicto, ao mesmo tempo que fez circular uma ficção genealógica (um panegírico da época, para disfarçar a óbvia invenção, falava, dirigindo-se retoricamente ao próprio Constantino, que se tratava de fato "ignorado pela multidão, mas perfeitamente conhecido pelos que te amam") pala qual ele seria o descendente do imperador Cláudio II - ou Cláudio Gótico - conhecido pelas suas grandes vitórias militares, por haver restabelecido a disciplina no exército romano, e por ter estimulado o culto ao Sol.[7]
Constantino acabou, no entanto, por entrar na História como primeiro imperador romano a professar o cristianismo, na seqüência da sua vitória sobre Maxêncio na Batalha da Ponte Mílvio, em 28 de outubro de 312, perto de Roma, que ele mais tarde atribuiu ao Deus cristão. Segundo a tradição, na noite anterior à batalha sonhou com uma cruz, e nela estava escrito em latim: In hoc signo vinces – “Sob este símbolo vencerás”.
De manhã, um pouco antes da batalha, mandou que pintassem uma cruz nos escudos dos soldados e conseguiu um vitória esmagadora sobre o inimigo. Esta narrativa tradicional não é hoje considerada um fato histórico, tratando-se antes da fusão de duas narrativas de fatos diversos encontrados na biografia de Constantino pelo bispo Eusébio de Cesaréia.
No entanto, é certo que Constantino era atraído, enquanto homem de estado, pela religiosidade e pelas práticas piedosas - ainda que se tratasse da piedade ritual do paganismo: o Senado Romano, ao erguer em honra a Constantino o seu arco do triunfo, o Arco de Constantino, fez inscrever sobre este que sua vitória devia-se à "inspiração da Divindade"(instinctu divinitatis mentis), o que certamente ia de encontro às idéias do próprio imperador. Até um período muito tardio de seu reinado, no entanto, Constantino não abandonou claramente sua adoração com relação ao deus imperial Sol, que manteve como símbolo principal em suas moedas até 315.
Só após 317 é que ele passou a adotar clara e principalmente lemas e símbolos cristãos,[8] como o "chi-rô", emblema que combinava as duas primeiras letras gregas do nome de Cristo ("X" e "P" superpostos). No entanto, já quando da sua entrada solene em Roma em 312, Constantino recusou-se a subir ao Capitólio para oferecer culto a Júpiter, atitude que repetiria nas suas duas outras visitas solenes à antiga capital para a comemoração dos jubileus do seu reinado, em 315 e 326.[9]
http://pt.wikipedia.org/wiki/Constantino_I#Religi.C3.A3o

14 de setembro de 2009

APOCALIPSE: ABERTURA DO 3º SELO, CAVALO PRETO

“Quando abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente dizer: Vem! E olhei, e eis um cavalo preto; e o que estava montado nele tinha uma balança na mão. E ouvi como que uma voz no meio dos quatro seres viventes, que dizia: Um queniz de trigo por um denário, e três quenizes de cevada por um denário; e não danifiques o azeite e o vinho.” (Ap. 6:5-6).
A abertura do terceiro selo revela o surgimento de um cavalo preto. O seu cavaleiro tem uma balança na sua mão que serve para medir as rações alimentares e representa por consequência a fome, dentro do espírito do apresentado pelo profeta Ezequiel que diz: “Filho do homem, eis que quebrarei o báculo de pão em Jerusalém; e comerão o pão por peso, e com ansiedade; e beberão a água por medida, e com espanto.” (Ezeq. 4:16).
O cavalo preto foi antecedido pelo cavalo vermelho, tal como a fome é precedia pela guerra. A voz que fala surge do meio de quatro seres viventes e é por consequência a voz do Cordeiro, pois o Cordeiro encontra-se justamente rodeado (Ap. 5:6) pelos quatro seres viventes. A voz que se ouve é d´Aquele que está assentado sobre o trono para julgar ou seja o Cordeiro; a justiça é temperada com a misericórdia. A voz ordena de facto: “E ouvi como que uma voz no meio dos quatro seres viventes, que dizia: Um queniz de trigo por um denário, e três quenizes de cevada por um denário; e não danifiques o azeite e o vinho”. Esta restrição é de admirar!
Normalmente, a oliveira e a vinha, têm raízes mais profundas que os cereais, e por isso resistem melhor à seca e resistem melhor às intempéries que o trigo e a cevada. Mais ainda, o grão, óleo e vinho são geralmente associados na Bíblia para representar os três produtos da terra de Israel (Deut. 11.14,23; 28:51; 2ª Crónicas 32:28; Neemias 5:11, etc.). Esta restrição não é natural, não é provocada pela seca e indica que a linguagem é simbólica, convida por essa razão a uma interpretação de ordem espiritual.
Reconheçamo-lo, a aparência do terceiro ser vivente com rosto humano (Ap. 4:7) orienta-nos para esta interpretação, repito, de carácter simbólica/espiritual. Ao centro e em contraste com os outros seres com aparência de “animais” (leão, novilho e águia), o rosto humano representa a dimensão espiritual por oposição ao animal, se quisermos, o estado natural e não religioso (ver Daniel 4:16;34; cf. 7:8,13). A fome que aqui é tratada, refere-se a uma fome espiritual.
Podemos ainda, fazer uma distinção por um lado o grão e por outra o óleo e o vinho, concordaremos que a aplicação simbólica é separada, se interpretarmos cada um dos três produtos no sentido espiritual dado nas Escrituras teremos:
· O grão do qual se faz o pão simboliza a Palavra de Deus (Deut. 8:3; Mat. 4:4; João 6:46-51; Neemias 9:15; Salmo 146:7).
· O óleo simboliza o Espírito de Deus (Salmo 45:8; Zacarias 4:1-6).
· O vinho simboliza o sangue de Jesus Cristo (Lucas 22:20; 1ª Cor. 11:25).
A mensagem do terceiro selo significa que a fome e a seca de ordem espiritual dizem respeito à carência provocada por não haver Palavra de Deus, no sentido que esta não será servida/apresentada aos povos como deveria de ser. No seu significado tem também a mensagem de que o Espírito Santo e o poder do sangue de Jesus continua a exercer forte influência entre os genuinamente fiéis a Deus. Preciosa mensagem de revelação que o Espírito faz aqui ao profeta João na Ilha de Patmos, apesar de todas as vicissitudes e perseguições para arrancar da terra dos viventes a Palavra de Esperança, a Bíblia, o Senhor vela para que Satanás não triunfe com o seu plano malévola de cobrir a Terra com a sombra de filosofia/religião pagã e tantos outros conceitos: “Não podemos saber quanto devemos a Jesus pela paz e protecção de que gozamos. É o poder de Deus que impede que a humanidade passe completamente para o domínio de Satanás.” Conflito dos Séculos, p.33.
Podemos compreender o porquê dos símbolos serem separado em dois, eles correspondem aos dois componentes, humano e divino, da aliança. Pelo lado humano, a Igreja perdeu o sentido da sua vocação; ela deixou de cuidar das necessidades espirituais e teológicas (A Bíblia não era mais apresentada) aos fiéis. O povo não foi alimentado. O estudo da Palavra de Deus é negligenciado e o conhecimento tornou-se paupérrimo.
Pelo lado divino, graças à influência do Espírito Santo e o Sacrifício de Jesus, Deus continuou a assegurar a salvação entre o Seu povo. Esta promessa foi dada durante o período de miséria, fome, perseguição, estigmatização e foi recebida pelos fiéis como um bálsamo sobre todas estas feridas. É muito interessante notar que “o vinho e o óleo” são igualmente associados nas Escrituras ao tratamento que era aplicado sobre as feridas (Lucas 10:34). É pois muito provável que estes símbolos, por associação de ideias, veiculem dois sentidos que não se excluem um ao outro. O símbolo bíblico funciona muitas vezes desta maneira. Neste caso, representando a obra redentora de Deus, o vinho e o óleo agindo como um bálsamo sobre a ferida.
A profecia do terceiro selo visou o tempo quando a Igreja esteve tão preocupada com o seu êxito temporal que negligenciou a obra de nutrir o povo espiritualmente. Neste contexto, o cuidado económico e materialista é sugerido pelo grão medido e o dinheiro com que é comprado. A salvação comprada e vendida. Aqui também, o símbolo é duplo. Evocando ao mesmo tempo a preocupação materialista da Igreja e a fome espiritual dos cristãos; e um vai naturalmente ao lado do outro.
É o tempo onde a Igreja se afirma como um poder temporal com um território que lhe pertence, um território próprio. A Itália acaba de ser liberta do poder ariano (ano 538). A Igreja pôde portanto instalar-se sem oposição. Como é dito por Y. Congar, “as bases de uma visão hierarquia – descendência, e finalmente o poder em forma religiosa/teocrático.” (Y. Congar, L´Eglise de saint Augustin à l´époque moderne, Paris, 1970, p. 32).
Paralelamente a este sucesso temporal e político, a Igreja perdeu o contacto com o estudo da Bíblia. A instituição e a tradição suplantam pouco a pouco a referencia ao Verbo inspirado das Escrituras. Esta lição da história da Igreja fala ainda muito forte nos nossos dias e deve soar como aviso contra todas as Igrejas que se instalam. Todas as vezes que a Igreja dá prioridade à pedra e à estrutura, isto foi acompanhado da pobreza espiritual padecida e sofrida pelo povo. A força empregue aos conceitos do relativismo consomem as forças que devem ser empregues no interesse do absoluto.
O risco é ainda mais grave. A história mostra de facto um outro perigo. Quando a Igreja tem acesso aos poderes e é apoiada no plano político, a Igreja assume a autoridade como sendo a verdade. O dogma substitui a Palavra. Daqui até à intolerância e à opressão, há um passo tão pequeno que é dado sem que o povo se aperceba.
Meus amigos, creio para terminar o assunto do terceiro selo, que esta profecia foi para um tempo particular, no entanto, não se esgota nesse tempo, emerge noutros tempos e é minha profunda convicção, baseado no que foi exposto, que estamos no limiar do despontar de um novo período em que esta profecia retorna como um cavalo preto, terrível e ameaçador? Possa o estimado leitor abrigar-se com fé plena na Palavra de Deus, este é um convite de coração para coração.
“Bem-aventurado aquele que lê e bem-aventurados os que ouvem as palavras desta profecia e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo.” (Ap. 1:3)
Em Jesus.

11 de setembro de 2009

APOCALIPSE: ABERTURA DO 4º SELO, O CAVALO AMARELO

“Quando abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto ser vivente dizer: Vem!
E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava montado nele chamava-se Morte; e o hades seguia com ele; e foi-lhe dada autoridade sobre a quarta parte da terra, para matar com a espada, e com a fome, e com a peste, e com as feras da terra.” (Ap. 6:7,8).
A abertura do quarto selo liberta um cavalo cuja cor pálida (chloros), sugere a morte e o terror. O cavalo “amarelo” é anunciado pelo quarto “ser vivente” que tem parecenças de “águia que está voando” (Ap.4:7), pronta a descer sobre a sua presa, uma imagem que evoca nas Escrituras a perseguição e ameaça de morte (Deut. 28:49; Job 9:26; Lamentações 4:19; Hab. 1:8; Mat. 24:28).
Presentemente a Igreja personifica a morte ao mais alto grau. Não somente o cavaleiro se chama “morte”, mas ele é como que acompanhado por um outro cavaleiro que se chama hades (lugar dos mortos). Por esta palavra grega, a Septuaginta (ou a Bíblia dos Setenta) traduz a palavra hebraica sheol, que quer dizer o lugar, o estado dos mortos. As duas palavras, “morte” e “lugar dos mortos”, são frequentemente associadas no Apocalipse (Ap. 1:18; 20:13,14) para significar ao mesmo tempo a morte que se aproxima e o estado da morte como resultado. Esta última praga o seu conteúdo ultrapassa todas as outras: depois da espada e da fome, a morte.
No que diz respeito às “feras da terra.”, elas não fazem outra coisa que somar-se à intensidade desta referencia que é a morte. O estado dos mortos, o sheol, é frequentemente representado, no conteúdo bíblico, por feras selvagens (Salmo 22:14-29; 91:13).
É o tempo quando a Igreja se revela portadora da morte e da opressão; ela persegue e persegue todos os que se lhe tornam suspeitos, todos os que ela julga heréticos ou infiéis. É o tempo das cruzadas, dos carrascos, da Inquisição e das guerras religiosas.
Enquanto que a conquista do mundo tinha começado pacificamente com um cavalo branco e um cavaleiro com um arco vazio, uma conquista dirigida por Jesus Cristo, a partir do segundo cavalo, a Igreja toma as rédeas e bate-se (no mau sentido) por Cristo. Já não é o Cristo que se bate por ela. Qualquer coisa mudou na mentalidade cristã e, as guerras de religião falam por si. A verdade cristã do Deus que vem e trabalha pelo e para o homem está invertida. É a Igreja que se torna defensora de Deus, é ela que age por Ele. As obras da terra (terreno), a tradição, a busca do poder, substituíram a salvação que procede do Alto. A intolerância prevalece e o testemunho pelo amor falece; o sucesso da religião tem mais valor que a proclamação da Palavra do Altíssimo e do Reino de Deus; quando os cuidados imperialistas tomam a primazia sobre o cuidado evangélico; quando as estatísticas nublam e prevalecem sobre a conversão; quando a solução é procurada nas estratégias e a orientação do Espírito Santo totalmente neglegenciada.
Quando o homem substitui Deus, deve esperar-se o abuso. A razão substitui a convicção humilde. A segurança do visível, do palpável, do imediatamente controlável da instituição (humana), substitui a simplicidade da referência e reverência do Deus invisível e que está para além das manipulações das razões humanas, daí resulta; uma convicção orgulhosa saturada de todos os germes da intolerância! A violência e a opressão são os resultados naturais. Das cruzadas às inquisições, toda a vez que o ser humano é colocado para proteger Deus (ou em lugar de) resulta em milhares de vítimas inocentes que gritam por justiça!
Amigo aceite o doce convite de Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” (Mat. 11:28).

6 de setembro de 2009

APOCALIPSE: ABERTURA DO 5º SELO, ATÉ QUANDO Ó SOBERANO!

APOCALIPSE 6:9-17
"Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. E clamaram com grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?. E foram dadas a cada um deles compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda por um pouco de tempo, até que se completasse o número de seus conservos, que haviam de ser mortos, como também eles o foram." (Ap. 6:9-11) Os mártires clamavam por julgamento: "até quando... não julgas e vingas o nosso sangue?" (6:9) perguntam eles.
O seu pedido coloca-se antes do julgamento final. A primeira fase desse julgamento começou em 1844 da nossa era, no final dos 2.300 dias-anos de Daniel 8:14. Os mártires não sabiam quando teri início o julgamento e, como acabamos de ver, Deus escolheu decidiu revelar-lhes quando seria esse evento, ou seja, no final da "grande profecia profética" (Dan. 8:14).
Esta revelação divina é feita muitos séculos antes do clamor dos mártires, é feita quando Daniel ele ouviu alguém foumulor a mesma pergunta que os mártires (e Habacuque 1:2,3) fizeram: "Até quando?" Mas a resposta que Daniel ouviu, foi dada em linguagem simbólica, a linguagem dos 2.300 dias, e o profeta foi instruído a deixar o seu livro fechado - não plenamente compreendido - até que chegasse o tempo do fim (ver Daniel 12:4). Este facto ajuda a explicar porque razão os mártires não não tiveram a compreensão e levantam de novo a questão.
Já analisámos que os 1.200 dias-anos têm o seu inicio em 538 com a oficialização do bispo de Roma a papa e percorre todo o perído da idade média até 1798. Portanto, este perído termina um pouco antes de se iniciar o julgamento em 1844. Já apresentamos em estudos anteriores - não nos cansaremos de continuar o estudo sobre este tão importante assunto - a tribulação dos 1.260 dias-anos em relação com outras profecias que se cumpriram neste mesmo período - devemos ter em conta que vários periodos proféticos se cumprem neste espaço de tempo histórico; as 7 igrejas, as 7 trombetas, etc -. Creio ser de interesse relatar uma experência relacionada com os familiares de um dos milhares, quiçá, milhões de mártires e que nos darão uma ideia mais clara do sobrimento padecido pelos genuínos fiéis desta época, aproveito também para melhor compreensão dos nossos leitores a clicarem AQUI e acompanharem este BLOGUE.
W.E.H.Lecky, um historiador muito reputado e ex-membro da Academia Britânica, conta o seguinte:
"É apavorante reflectir sobre o que sofreram a mãe, a esposa, a irmã ou a filha de um herege. ... Ela via o corpo daquele que lhe era mais precioso que a própria vida, deslocar-se, tremer e contorcer-se em dor; ela contemplava o crepitante fogo brando alcançar-lhe membro após membro, até ser transformado numa peça única de agonia; quando, por fim, ... o torturado corpo alcançava o descanso, ela ainda tinha que ouvir que tudo aquilo era aceitável aos olhos de Deus que ela servia, e que a cena que acabara de transcorrer não era mais que uma pálida imagem dos sofrimentos que Ele haveria d infligir ao morto por toda a eternidade."
Abro parêntese para dizer o seguinte: Esta história passou-se em todos os países da Europa, onde a Igreja Católica instituíu o Santo Ofício, esta Europa é também Portugal, isto passou-se neste "jardim à beira mar plantado". Triste realidade! Fecho parênteses.
Com que frequencia terão clamado os familiares dos mártires: "Até quando?" "Porque me desamparaste?" Quantas vezes terão eles sentido , como C.S.Lewis, que os Céus se tinham transformado num deserto, e que a porta estava fechada como aquelas fechaduras que dão várias voltas!
Os verdadeiros mártires não vacilavam. Fixavam o olhar além das vestes com figuras de demónios com que eram vestidos; olhavam para as vestes brancas prometidas por Deus. Que bênçãos é possuir já as vestes (justiça de Cristo) celestiais e poder usá-las! Todos anelamos que os familiares dos mártires também tenham mantido os olhares nas vestes brancas. muitos deles certamente o fizeram, e somos grandemente confortados com esse pensamento.
Nas cenas de tribulação dos últimos dias, que tanto caracterizaram os dias do quinto sêlo, Deus mostrou a João os Seus mártires como estando em pé ao redor do Seu trono - tal como um dia estarão - "vestidos de vestes brancas " (lá estão novamente aquelas vestes gloriosas!), com palmas nas mãos (tal como o povo que, regozijava, na recepção a Jesus no domingo de Ramos -ver João 12:13-), com o seu coração a expressar cânticos de grande louvor (Ap. 7:9).
Enquanto João os contemplava em visão profética, um dos vinte e quatro anciãos assegurou-lhe que eles terão o privilégio de servir a Deus "de dia e de noite" (a exemplo dos quatros seres viventes), e também que eles "jamais terão fome, nunca mais terão sede", "pois o Cordeiro que Se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda a lágrima" (Ap. 7:13-17).
Os seus inimigos intentaram destrí-los, mas Jesus os protegeu da final destruição (destruição eterna). Deu-lhes roupas brancas, permitiu-lhes descansar "o sono da morte" e garantiu-lhes a vida Eterna. Louvado seja o Senhor! diga: Ámem!

3 de setembro de 2009

APOCALIPSE: ABERTURA DO 6º SELO, FIM DA OPRESSÃO

APOCALIPSE 6:9-17
"...e diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos da face daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro." (Ap. 6:16)
Ao grito das vítimas esmagadas que suspiravam pela libertação de Deus faz agora eco o grito de terror dos opressores que tremem sob a cólera de Deus. a abertura do sexto selo revela o outro lado da justiça de Deus. No quinto selo, o julgamento de Deus concerne as vítimas cujo sangue derramado “... clamaram com grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Ap. 6:10). O julgamento tinha como sentido a salvação e dava realce à cena em que o Deus da graça que dá “as vestes brancas”. Presentemente, o julgamento incide sobre (o Juízo que se inicia sobre a casa de Deus, é também juízo que recai sobre os ímpios) o opressor e põe em cena o Deus da justiça que registou as acções dos habitantes da terra.
As duas faces de Deus são complementares e sobressai a operação da salvação. Para salvar realmente, Deus deve necessariamente passar pela nova criação, com tudo o que isso possa implicar de comoção, a promessa será cumprida, mas também, de aniquilamento da antiga ordem das coisas, o reinado do pecado e do diabo.
O pecado do homem produziu um efeito que ultrapassa a sua própria esfera e repercute-se sobre todo o Universo. Este princípio fundamentalmente bíblico está enunciado desde a Criação. O homem e a natureza foram criados dependentes um do outro. Todo o crime moral ou religioso afecta todo o ambiente. A desobediência de Adão trouxe cardos e espinhos. A iniquidade dos primeiros homens teve como consequência o Dilúvio sobre a terra. A perversidade dos habitantes de Sodoma fez com que fogo e enxofre caíssem sobre a cidade. O país de Canaã engoliu os seus habitantes em consequência dos seus pecados. A mentira de Acã abre no vale onde habitam os israelitas a confusão e os juízos de Deus.
Os profetas de Israel não se cansaram de sublinhar este princípio nos seus avisos ao povo. Desde Moisés, Oseias, Isaías, Jeremias todos eles se voltaram para Israel para lembrar a sua responsabilidade sobre o cosmos. As árvores, ao animais, o próprio tempo (atmosfera), as montanhas e sobretudo os homens e as mulheres que são tocados pelo pecado e por ele afectados no mais profundo do ser.
No Novo Testamento, na morte de Jesus a atmosfera escureceu e a terra estremece, os tremores da mesma respondem ao próprio evento da agonia do Senhor.
Todo o crime contra o homem é um crime contra a humanidade inteira e contra o Universo. É portanto o céu e a terra, todos os homens que são o alvo da cólera de Deus. o Apocalipse revela este principio nas histórias gravadas na Bíblia. O olhar profético ilumina esta responsabilidade até na própria civilização laica e moderna. Os tempos do fim são descritos como sendo de alterações cósmicas em duas fases.
A primeira tem efeitos ou afecta a terra. O seu efeito é limitado ao espaço humano. É ainda o tempo da história: “E vi quando abriu o sexto selo, e houve um grande terramoto; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua toda tornou-se como sangue; e as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira, sacudida por um vento forte, deixa cair os seus figos verdes.” (Ap. 6:12,13). Não é proibido de reconhecer que nesta quadro as catástrofes que caíram sobre o mundo entre o fim do século XVIII e o século XIX. Pensemos no Terramoto de Lisboa (1º Novembro de 1755) que fez perecer (nesta tempo) mais de 70.000 pessoas, ou seja perto da metade da população. Podemos pensar igualmente nas trevas que surpreenderam os habitantes da América, Canadá, Inglaterra, Holanda, França, Suíça e Itália por volta dos anos 1780 e 1880. Podemos considerar as chuvas meteóricas de intensidade excepcional que marcaram o período de1800 a 1900 na Europa, na América do Norte e do Sul, mas também a África e a Ásia.
Curiosamente, estes acontecimentos coincidem com o tempo identificado pelas profecias de Daniel como fim do tempo da opressão. Este período está sem dúvida marcado no calendário profético. É um momento de acalmia relativamente às perseguições promovidas pelo poder religioso ou eclesiástico. Encontramo-nos no final dos “três tempos e meio” das perseguições que fala o profeta Daniel – neste blogue encontrará estudos sobre estas profecias – (Daniel 7:25). No auge da Revolução francesa, todas as estruturas foram alteradas. A Igreja deixou de constituir uma ameaça como o tinha sido até aí (Inquisição). Os sinais cósmicos acompanham a história, tal como preditos pelas profecias, como para confirmar e investir de um novo sentido que elas iluminaram desde os tempos proféticos os acontecimentos em direcção ao fim da história terrestre do homem. Claramente é evidenciado que, da fase do tempo do fim se passa à fase do fim dos tempos.
A visão do sexto selo segue deste modo o mesmo percurso do quinto selo. Os dois selos são contemporâneos e transportam de facto sobre eles os mesmos acontecimentos, mas a partir de uma perspectiva diferente.
No quinto selo, o olhar profético incidia sobre o povo de Deus, vítimas da opressão daí resulta o grito “até quando”, associado à profecia de Daniel 8, conduziu-nos pela metade do século XIX. Depois a visão atravessou o tempo e transportou-nos para além da história humana, até ao momento em que é ouvido o grito e o julgamento finalmente concluído; os santos recebem as suas vestes brancas.
Da mesma maneira, a visão do sexto selo passa do momento marcado para o fim da opressão entre o século XVIII e o século XIX, momento em que o opressor do mal é submetido. Esta segunda fase afecta particularmente o céu: “E o céu recolheu-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. E os reis da terra, e os grandes, e os chefes militares, e os ricos, e os poderosos, e todo escravo, e todo livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas.” (Ap. 6:14,15). Agora, os acontecimentos concernem toda a terra. A linguagem apresentada descreve a sua universalidade desta forma tão hebraica de associar os extremos para exprimir a totalidade: “os montes ... as ilhas; os reis da terra...os chefes militares...todos os escravos e os homens livres” (6:14,15). A cólera de Deus invade os horizontes e invade todo o espaço. É o momento onde Deus tem o controlo de tudo. A partir de agora, ninguém nem nada Lhe pode escapar (6:16). Aqui nasce a perturbadora questão: “Quem poderá subsistir?” (Ap. 6:17).
Portanto, a esperança é refugiar-se no melhor recanto desta questão. É o paradoxo da esperança bíblica, de se encontrar, inesperadamente, no lugar menos esperado. A questão é trazida da linguagem dos profetas Naum e Malaquias, onde de cada vez ela é o prelúdio da segurança dos resgatados quando no auge da angústia: “Quem pode manter-se diante do seu furor? e quem pode subsistir diante do ardor da sua ira? A sua cólera se derramou como um fogo, e por Ele as rochas são fendidas. O Senhor é bom, uma fortaleza no dia da angústia; e conhece os que nele confiam.” (Naum 1:6,7; cf. Malaquias 3:2,3)
Aqui também, no Apocalipse, a questão incide directamente sobre um parêntese, um entreacto que concerne os resgatados da tormenta.
Aceite hoje a mão acolhedora de Deus e refugie-se n´Ela, lá é o melhor lugar do mundo. Eu sei!

2 de setembro de 2009

APOCALIPSE: INTERVALO ENTRE O SEXTO E O SÉTIMO SELO

(Apocalipse 7:1-17)
Para além do dia terrível em que se manifestará a cólera de Deus, o profeta João abre um parêntese e a sua visão para sobre os que “podem subsistir” (Ap. 6:17). A cólera é retida por um instante, o período que leva a marcar de um sinal distintivo os que devem ser poupados, isto na perspectiva da consumação do sétimo selo.
O método faz lembrar a saída do Egipto, quando o anjo da morte poupou os Israelitas graças ao sinal de sangue aspergido no lintel e nas ombreiras das portas (Ex. 12:23), e isto na perspectiva da Terra prometida (Ex. 12:25). Mas desta vez a cena tem uma amplitude que alcança toda a terra. Os quatro ventos dos céus que são portadores da cólera de Deus sopram dos “quatro cantos da terra”, ou seja de todos os lados e para toda a parte (ver Daniel 7:2).
O ritmo do quiasma (em ABA´) que estrutura a ordem dada ao anjo avisa por antecipação a identidade dos resgatados. A primeira ordem (A) poupa a terra, o mar e as árvores (Ap. 7:1). A segunda ordem (B) ameaça a terra e o mar (Ap. 7:2). A terceira ordem (A´) de novo poupa a terra, o mar e as árvores (Ap. 7:3).
O centro do quiasma revela precisamente o elemento da natureza que deve ser poupada pelos ventos. Quando a ordem é dada de destruir, limita-se explicitamente à terra e ao mar (Ap. 7:2) que representam todo o planeta (ver Ap. 10:2,5; Gén.1:1-9; Ex. 20:11; Neemias. 9:6; Salmo 95:5; Mateus 23:15). As árvores estão excluídas da lista de calamidades como se fossem as únicas a sobreviverem na ordem terrestre. Esta observação de estilo é confirmada implicitamente sobre o plano da sintaxe.
Na primeira ordem que anuncia todas as outras, a palavra “árvore” (Ap. 7:1) recebe uma declinação diferente das palavras “terra e mar”. “Arvore” é um acusativo, enquanto a “terra e mar” estão no genitivo. O que se pode dizer relativo à diferença gramatical, é que sugere uma relação diferente por um lado os ventos, a terra e o mar, e por outra parte os ventos e as árvores.
Esta forma de estilo e de sintáctica de distinguir as árvores dos outros elementos traduz em todo o caso a intenção de as colocar à parte ou de lhes dar realce. As árvores representam a persistência. Graça às suas raízes que mergulham na terra, elas poderão resistir ao vento. Assim, nas Escrituras, as árvores com as suas fortes raízes representam os justos (Salmo 1:3; Jer. 17:8), enquanto que a palha levada pelo vento representa os ímpios (Salmo 1:4; Job 21:18).
A preservação das árvores deve portanto ler-se como uma alusão á protecção dos justos. Mas, curiosamente, estes justos/árvores não devem a sua salvação às suas raízes na terra. A sobrevivência vem do alto. As suas frontes estão marcadas com um selo. A operação é conduzida por um outro anjo que vem do Este como o Sol, a vida e a luz – como a esperança, como o jardim do Éden (Gén. 2:8), como o rei salvador Ciro (Isaías 41:2), como o próprio Deus salvador (Ezequiel 43:2).
Contrariamente aos outros selos que levam a mensagem de morte, este é portador do selo do Deus da vida (Ap. 7:2). Em contraste com todos os selos que anunciam o julgamento e a destruição da terra, este selo significa a salvação e a criação. Este selo distingue-se pela sua própria função. Os outros selos são dados para garantir o fecho absoluto do documento, enquanto que este é dado para marcar a propriedade.
Os antigos tinham de facto o hábito de colocar um selo sobre a mercadoria como sinal de pertença. Geralmente, o selo, consistia numa peça de metal ou numa pedra preciosa (Ex. 28:11; Ester 8:8), onde era gravado o nome do proprietário, ou um desenho, por vezes até dois. A marca colocava-se de ordinário na argila (Job 38:14). No caso, o selo é marcado sobre a fronte. A primeira vez que a Bíblia regista uma tal operação, é a propósito de Caim que recebe sobre a fronte um sinal cujo objectivo é de o proteger (Gén. 4:15). Mas é sobretudo o livro de Ezequiel que contém o texto mais próximo da nossa passagem: “E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela. E aos outros: (...). Matai velhos, mancebos e virgens, criancinhas e mulheres, até exterminá-los; mas não vos chegueis a qualquer sobre quem estiver o sinal; e começai pelo meu santuário. Então começaram pelos anciãos que estavam diante da casa.” (Ez. 9:4-6).
Os que recebem a marca sobre a fronte são todos aqueles que permaneceram fiéis a Deus e reagem às “abominações” (Ez. 9:4) dos seus contemporâneos. O mesmo termo “abominações” é empregue alguns versículos antes para designar o pecado da idolatria e de adoração ao sol (Ez. 8:16,17).
A marca sobre a fronte representa portanto a adoração ao verdadeiro Deus, o Deus vivo, o Criador. É o sentido particular que é evidenciado na nossa passagem de Apocalipse, tanto mais que este texto faz referencia à criação. A sequência terra, mar, árvores segue de facto o acto da criação do terceiro dia (Gén. 1:9-13). Se este selo é a marca da adoração do Criador, é por consequência o sinal de pertença a Deus. Porque confessar a pertença a Deus revela a fé no Deus Criador. Esta relação é frequentemente sublinhada nos Salmos, onde Deus é cantado como o proprietário de todas as coisas, precisamente, porque Ele é o Criador de todas as coisas. “Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam. Porque ele a fundou sobre os mares, e a firmou sobre os rios.” (Salmo 24:1,2 cf Salmo 89:12,13; Salmo 100:3).
Reconhecer Deus como o proprietário de todas as coisas, como seu proprietário, é ao mesmo tempo reconhecê-l´O como o Criador, o seu Criador. É toda a mentalidade religiosa que está aqui em realce pelo selo de Deus. é tão simplesmente reconhecer que tudo o que temos, tudo o que somos, o devemos a Deus. a Bíblia traz esta lição a todas as esferas da existência. Descobrimos o princípio no dízimo que é colocado à parte para Deus na nossa consciência sensível é reconhecer que Ele é o proprietário de todos os bens. É assim que Melquisideque justificará a oferta do dízimo pelo facto que Deus é o “Mestre do céu e da terra” (Gén. 14:19). A mesma associação é confirmada no livro de Leviticos. Antes de entrar na terra prometida, o povo de Israel deve lembrar-se que a terra pertence a Deus: “Também não se venderá a terra em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós estais comigo como estrangeiros e peregrinos.” (Lev. 25:23). Deste principio se conclui que: “Também todos os dízimos da terra, quer dos cereais, quer do fruto das árvores, pertencem (são do Senhor) ao senhor; santos são ao Senhor.” (Lev. 27:30).
Não será por acaso que o Sábado ocupa no Decálogo a parte central e normalmente reservada ao selo nos antigos documentos das alianças. O Sábado, exprime a fé no Criador e o reconhecimento que Lhe é devido em todas as coisas, ele faz parte do selo de Deus. Destaca-se igualmente o selo de pertença a Deus nas coisas alimentares em Daniel e os seus três companheiros, que traduzem a sua intenção de fincar a sua dependência do Criador antes que ao rei (Daniel 1).
O selo de Deus sobre a fronte significa de facto a marca de Deus sobre a própria pessoa, sobre o seu corpo e o seu espírito. É o sinal de que pertencemos a Deus. A imagem que se reflecte na criatura humana, segundo o texto de Génesis (Gén. 1:26), constitui seguramente o selo de Deus. Viver segundo Deus, é ao mesmo tempo afirmar e demonstrar esta verdade. O selo de Deus é portanto muito mais que uma simples tatuagem sobre a fronte, um gesto ritual ou uma observância qualquer. Através desta imagem, o Apocalipse designa de forma mais ampla aqueles que confessam Deus Criador e mestre, na sua religião como na sua vida de todos os dias. O Sábado, o dizimo, uma escolha alimentar, o respeito pela Lei de Deus são só indícios de uma mentalidade; eles podem seguramente atestar a presença do selo de Deus, mas eles não o são de uma forma mágica o selo de Deus. O selo de Deus é ao mesmo tempo invisível e vivo, tal como o Deus Criador em tudo o que Ele significa. O sinal é de natureza espiritual, como o Deus que ele representa.
E isto é aliás, a mesma coisa para os portadores do selo de Deus. Trata-se de uma entidade espiritual. O número 144.000, composto de 12X12, é simbólico. 12, aqui identificado, é o número da aliança entre Deus e o Seu povo (4, número da terra, x 3, número de Deus). É também o nome das doze tribos de Israel, que estão aqui plenamente mencionadas (Ap. 7:4-8). Cada tribo compreende doze mil pessoas. Quanto ao número 1000 que multiplica 12, traduz não somente a ideia de multidão (Juízes 15:15; 1ª Crónicas 12:14; 16:15; Salmo 91:7), mas igualmente e na etimologia hebraica pressupõe, o de tribo em toda a sua plenitude. Em hebreu, a palavra elef (mil) designa igualmente a tribo, a multidão, o clã, ou mesmo o regimento (Êxodo 18:21 Deuteronómio 33:17; Juízes 6:15; Números 1:16; Josué 22:21). O número 12.000 significa portanto tribo em toda a sua plenitude. Ora, na época de João, as tribos tal como elas o eram no passado tinham desaparecido. As que restavam eram Judá, Benjamim e Levi. Isto vale dizer que isto não se aplica a Israel, ou seja a questão não é de ordem literal. E o ritmo regular da lista das tribos reforça esta impressão de plenitude e de perfeição. É um exército em parada.
Aliás, a palavra okhlos traduzida aqui por “multidão” significa igualmente “exército”, e os versículos 9 e 10 (Ap.7) descrevem de facto um exército vitorioso depois da batalha. As vestes brancas com as palmas fazem parte da cerimónia do guerreiro e do ritual da vitória (João 12:13). Na simbologia dos números como no estilo do texto e até na descrição da multidão, o verbo profético transmite a mesma mensagem: os cento e quarenta e quatro mil representam Israel em ordem – quando acampavam – como na plenitude. É “todo o Israel” sonhado pelo Apóstolo Paulo (Rom. 11:26), o número “completo” dos salvos referidos no quinto selo (Ap. 6:11). É também esta grande multidão “de todas as raças, nações, povos e línguas” que João vê, toda ela vestida de vestes brancas (Ap. 7:9; cf. 6:11) sobrevivendo à opressão (Ap. 7:14; cf. 6:9,11).
O número não está ainda completo no quinto selo, os cento e quarenta e quatro mil e a multidão são o mesmo povo. Eles estão finalmente lá enfim, na totalidade, na plenitude, estes desenraizados da história, esta minoria sofrida, perseguida cuja única referencia vinha do Alto, todos eles tinham perdido o sentido de pertença porque estiveram sós, não foram compreendidos, marginalizados, cidadãos de outro reino. Eles reencontram-se e de repente descobrem a sua identidade em Israel. Unidos no espírito, nas mesmas recordações de lutas e de sofrimentos, eles estão agora reunidos com corpos não mais sujeitos à doença, morte, não serão mais perseguidos pela fé. A emoção é tanta que atinge todos os sentimentos que se manifestam numa melodia que ao mesmo tempo parece um grito de vitória, mas é uma liturgia de adoração ao Deus Criador e Redentor (Ap. 7:10).
A esta liturgia de adoração, os anjos, os anciãos e os quatro seres vivos respondem imediatamente por um “Amem” envolto numa adoração em sete tempos: “dizendo: Amém. Louvor, e glória, e sabedoria, e acções de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém.” (Ap. 7:12).
A visão situa-se presentemente no céu e transporta-nos para um futuro distante, ao momento em que os seres celestes se juntarão à adoração com os seres humanos; quando Deus habitará enfim verdadeiramente entre o Seu povo. Este O servirá “dia e noite no Seu templo” (Ap. 7:15) como os sacerdotes Levíticos serviam outrora (1ª Crónicas 9:33). A visão explicita-se na imagem da Tenda da Congregação e Deus manifesta-se sobre ela e sobre o povo (Ap. 7:15). A imagem trazida da história de Israel evoca o santuário no deserto.
A língua grega permite-nos (kenosei: levantar a tenda) entender e até a palavra hebraica (shekhina do verbo shakhan, habitar) que designa a nuvem e a coluna de fogo, sinais de Deus “habitando” entre eles (Ex. 40:34-38).
A presença de Deus é efectiva. Deus é presente fisicamente. O texto termina por uma alusão ao Salmo 23. o pastor que conduz as ovelhas às fontes de águas vivas (frescas), é a passagem ao Deus próximo que nos leva até ao toque e a limpar “toda a lágrima dos olhos” (Ap. 7:17). Deus não se contenta de suprir todas as nossas necessidades. Não se contenta em suprir a fome, a sede, o calor, o sofrimento não nos atingirão mais, mas Deus aproxima-Se e a relação torna-se mais intima: Deus consola.
Talvez ainda seja fortuita, mas a imagem do novo mundo e das suas alegrias pode já sentir-se o seu perfume, tal como, quando nos aproximamos do jardim. Seja Deus louvado!